segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Nova Bruxa


Uxa é uma bruxa diferente de todas as outras, pois é uma bruxinha que não vive apenas de maldades, ela oscila entre momentos de ternura e meiguice, muda de opinião e comportamento, frequentemente, como qualquer ser humano que se preze. Nos dias de plena bondade, coloca sua peruca loira e se veste de fada; nos dias mais “sombrios” volta a ser bruxa e faz tentativas desastrosas de praticar o bem -  o que chama de "maldade beleza pura".



A figura tradicional de bruxa é desconstruída na narrativa de Silvia Orthoff, bem como por uma grande leva de escritores atuais (Onde tem bruxa tem fada, de Bartolomeu Campos de Queirós, Bruxa Onilda, de Eva Furnari,  A Bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado). A imagem de uma bruxa horrenda, apavorante, utilizada pelos pais como instrumento de ameaça e que simbolizavam a força do poder, foi substituída por uma figura simpática, travessa, e que ora se porta como fada.

Nos contos tradicionais o leitor reconhecia a existência de uma sombra e o maniqueísmo que dividia as personagens entre o bem e o mal, facilitava a compreensão de valores essenciais de um determinado comportamento humano, e também do convívio social. Assim, separava-se nitidamente “o bem” de “mal”, o “certo” de “errado”. Como podemos ver por meio de “Uxa, ora bruxa, ora fada” essa concepção foi substituída por um relativismo que demonstra toda ambiguidade do homem.

Pode-se dizer que a literatura infantil contemporânea não se preocupa em mostrar uma bruxa, ou fada, como personagem esteriotipada, plana, mas sim em revelar a ambíguidade do homem, ou seja, como um ser que pode mudar suas ações diante da situação em que esteja vivendo e como o “mal” pode transformar-se em  “bem”. É caso da Bruxa Uxa:


Por fim, podemos ver também a mudança de  referencial da bruxa, com o fim da narrativa que se encerra com Uxa perdidamente apaixonada por um moderno computador - o que se distancia totalmente dos contos tradicionais. Onde já se viu uma  bruxa apaixonada!

Silvia Orthof: é uma das mais conhecidas e criativas  escritoras de literatura infantil brasileira. Carioca, nascida  em 3 de setembro de 1932 sempre esteve envolvida com a arte em geral: desenho, pintura, mímica, arte dramática e teatro na escola. Começou a carreira  na área de dramaturgia infantil como atura de textos, diretora de espetáculos, pesquisadora e professora. Atuou como atriz em SP, no  Teatro Brasileiro de Comédia, e na TV Record. Posteriormente mudou-se para Brasilia onde exerceu a profissão de professora de teatro na Universidade de Brasilia (UnB) e atuou como coordenadora do Teatro do Sesi. Publicou seu primeiro livro infantil em 1981. Escreveu cerca de 120 títulos para crianças e jovens, entre contos, peças teatrais e poesias. Suas obras receberam importantes premiações, inclusive o Jabuti. Sua obra é marcada pela diversão, ousadia e também por elementos visuais, muita cor, diálogos rápidos, exagerados e delirantes. Faleceu em 24 de julho de 1997, em Petrópolis.

Em uma postagem anterior, o grupo Contos de Fadas na Atualidade discorreu sobre um conto da autora

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O livro em PDF

Postado por GT4: Contos de Fada na Atualidade

Um comentário:

  1. Muito boa postagem, só fiz umas correçõezinhas e acrescentei o nome/assinatura do grupo e um outro marcador. (prof. Marciano Lopes)

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