terça-feira, 22 de novembro de 2011

Série "Literatura em minha casa: Contos da Escola"


     O terceiro livro que compõe a coleção Literatura em minha casa é o Contos Da Escola. Composta por contos de grandes autores como Lygia Fagundes Telles, Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar e Pedro Bandeira, a obra viaja na memória dos autores, retratando suas experiências durante a época em que eram estudantes.
     Os oito contos presentes no livro narram sobre o primeiro dia de aula, o novo aluno da turma, o susto ao ser surpreendido com cola, apresentações musicais, dentre outros. Ao que parece, todos os contos foram escritos especialmente para esta publicação e, diferentemente de outras obras que compõem a coleção, não receberam prêmios ou foram indicados por fundações.
     Apesar de ser escrito por grandes autores, os textos não passam de simples narrações de fatos ou experiências de personagens infantojuvenis, em alguns casos com tom memorialista. Não apresentam nenhum grau de complexidade e, em sua maioria, são essencialmente utilitários, com ideias clichês, como acontece no final do conto de Moacyr Scliar, A voz da consciência e outras vozes, em que o protagonista é um menino novo na escola – não por acaso chamado Edmundo -, que é antipático e muito prepotente; ao se aproximar a data da prova de matemática, todos os alunos se reuniram para estudar em grupo, mas Edmundo preferiu não estudar, disse que não precisava. Ele contratou então um técnico para que fizesse um aparelho através do qual passasse todas as respostas da prova, porém, para se vingar da maneira como Edmundo tratava a todos na escola, o rapaz não passou a cola. O conto termina “E, apesar do que dizia minha avó, podemos, sim, ouvir muitas vozes neste mundo. Inclusive a voz da consciência” (pág. 46).
     Como sabemos, Literatura em minha casa é uma coleção distribuída pelo MEC e, segundo afirma o próprio PNDE “A ideia do programa foi incentivar a leitura e a troca dos livros entre os alunos, além de permitir à família do estudante opção de leitura em casa. As escolas também receberam quatro acervos para sua biblioteca." (*). Mas até que ponto essa ação realmente influencia a leitura por parte dos alunos? Segundo Rodrigues, Mártir e Araújo (**), muitas são as críticas ao programa, pois não se pode afirmar que a posse de um livro determina a formação de um leitor. Sem contar a facilidade em se encontrar livros dessa coleção em vários sebos espalhados pelo país.
     Independente disso, a forte intenção de resultado positivo se marca também pela escolha dos temas de cada obra. Contos da Escola, por exemplo, traz a temática escolar, muito próxima da criança, atuando como motivação para a leitura. Além disso, contribui fortemente para o conhecimento de grandes escritores, pois antes de todo conto há uma breve bibliografia de cada autor – todas escritas por Ruth Rocha-, sempre com foco para sua época de estudante.
     Devemos considerar também o trabalho que a escola e o professor faz junto ao aluno com o material distribuído, mesmo não sendo seus textos indicados ou premiados, como é o caso de Contos da Escola, pois é possível que sem o trabalho conjunto desses três eixos, o projeto realmente não forme bons leitores, ou seja, capazes de depreenderem os vários efeitos de sentido de um texto e saber criticá-lo. 
 
Notas:

* http://www.fnde.gov.br/index.php/be-historico - Acesso em 22/11/11.
** http://coopex.fiponline.com.br/images/arquivos/documentos/13.pdf - Acesso em 22/11/11.


postado pelo Grupo 5 - Obras premiadas

Um comentário:

  1. Ai, como sinto saudades do tempo de criança em que alcançava pleno júbilo ao ler estes livros. "Literatura em minha casa", sem dúvidas, marcou minha infância. A leitura é um alívio, cura meus males da alma e me introduz ao campo do saber.

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