sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A princesa, o homem horroroso e a aparência determinista

 
Uma das ideias mais primitivas, insculpidas nos contos-de-fadas tradicionais, é a associação entre beleza e bondade – bem como a feiúra é associada à maldade. Com exceção da madrasta da Branca de Neve, as histórias mais conhecidas contam, via de regra, com antagonistas monstruosos. As protagonistas são sempre belíssimas, e os feios são vistos quase como malditos. Como exemplo incontestável, tome-se as irmãs feias e invejosas da Cinderela.
 
Neste ínterim, uma história que foge desse padrão é “A princesa dos cabelos azuis e o horroroso homem dos pântanos”, de Fernanda Lopes de Almeida. O título já indica uma certa oposição entre os dois personagens – característica esta que será enfatizada ao longo do texto.
 A princesa é a mais encantadora de todas as filhas do Rei duende, com poderes extraordinários como um terceiro olho que permitia ver o passado e o futuro e encontrar objetos ocultos pelo mundo. Não é preciso dizer que vários príncipes morriam de amor por ela.
Todas essas características se opõem às do horroroso homem dos pântanos, que “enlameia” tudo por onde passa e, presume-se, é visto com desprezo pelos duendes.
       Ao invés de se configurar como antagonista, porém, o horroroso homem dos pântanos é o escolhido da princesa para se casar – “e não havia quem lhe tirasse isso da cabeça”. O homem enlameia o palácio todo, em contraste com a princesa, lindíssima, “com o vestido da cor do infinito”. Tudo isto pode ser visto, está claro, como uma subversão do conto de fadas – onde está o príncipe encantado, bonito e rico?
       O final, a despeito das expectativas do leitor, dessa vez, é feliz. O homem dos pântanos tem bom coração e ajudava os pobres – mas a princesa não. Está instaurada a separação entre beleza-bondade e feiúra-maldade.
       Por fim, cumpre dar destaque à autora da história: Fernanda Lopes de Almeida é reconhecida por suas contribuições na literatura infantil, especialmente na década de 1970. Escreveu livros conhecidos no universo infantil, como "A fada que tinha ideias", "Pinote, o fracote e Janjão, o fortão", entre outros.

Confira abaixo alguns links:

Grupo 4 - Contos de fada na atualidade

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