sábado, 5 de novembro de 2011

Questões Raciais em Menina Bonita do Laço de Fita

  Ana Maria Machado publicou seu livro Menina bonita do laço de fita no contexto em que a Literatura Infantil brasileira estava na efervescência de sua criação, descontruindo o valor moralizante das obras e valorizando a qualidade estética dos textos.
  Esse livro conta a história de um coelho branco que faz de tudo para ficar pretinho como a menina do laço de fita que ele acha linda. O coelho, no entanto, não sabe como ela herdou aquela cor e tenta descobrir seu segredo de ser tão pretinha. Com a insistência do coelho sempre perguntando “Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?”, a menina inventava respostas como “Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequena”. Até que a mãe da menina diz que ela era assim porque tinha uma avó preta. O coelho foi, então, procurar uma coelha preta para se casar. Encontrou “uma coelha escura como a noite” e juntos tiveram muitos coelhinhos: brancos, cinzas, malhados de branco e uma bem pretinha.
  Com um enredo simples, porém marcante, Ana Maria Machado traz nessa história o tema da inclusão do negro e da diversidade e mais do que isso, de forma interativa, apresenta a valorização do negro. O coelho que é branco, vê a menina negra com uma beleza ímpar e inigualável, tentando de certa forma apagar sua identidade em detrimento da outra. Não se pretende discutir aqui as complexas questões identitárias, entretanto, é possível observar nessa obra que o preconceito racial não existe.
  Compreendendo que a Literatura – e aqui incluída a Literatura Infantil - tem um papel fundamental na formação do homem, como bem aponta Antonio Candido “A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial [...]. Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica, [...], ela age com o impacto  indiscriminado da própria vida e educa como ela [...]. Dado que a literatura ensina na medida  em que atua com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta” (CANDIDO, 1972) as obras que tratam dessa questão racial de forma positiva possuem fundamental importância para a construção do imaginário infantil.

  O vídeo abaixo conta a história da Menina bonita do laço de fita com as ilustrações animadas. Confira!


Vídeo extraído do site: http://migre.me/64uU3
 
Bases teóricas disponíveis em: 
http://migre.me/64v03 / http://migre.me/64uWR

Grupo 4 - Contos de fada na atualidade

8 comentários:

  1. Tenho uma ressalva neste livro: A questão do coelho querer ser igual à menina devido a sua cor, também não é um preconceito racial? Ele não deveria se aceitar como é?
    Veja, o coelho quer de qualquer jeito ter outra cor e começa a fazer coisas exorbitantes, como se empanturrar de jabuticabas (podendo passar mal), beber café em excesso e tomar banho com tinta. E se fosse o contrário? O coelho negro querer ficar branco igual à menina branca por achar sua cor mais bonita, seria um preconceito racial?

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    1. mas ele não tinha preconceito com a cor dele, ele apenas achava a cor da menina bonita e queria ter filhotinhos escurinhos. Espero ter ajudado

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    2. Mais não se aceitava .Isso acontece muito pois penso, que o preconceito começa pela própria pessoa não querer se aceitar.Daí começa as insatisfações e muitos problemas.Eu sou negra e quando alguém me discrimina por motivo qualquer, sinto muito ele vai morrer com esse sentimento, pois a mim não me doí em nada.Pelo contrário só em saber que sou diferente penso que eu chamo mais a atenção ,ai é só alegria.Me esbaldo na minha diferença.

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  2. Esse conto é simplesmente maravilhoso. Não é nada comum principalmente na escola, vê crianças brancas serem discriminadas, não mesmo. No Brasil o negro é considerado diferente. Como assim? Em um país que segundo o IBGE mais de 80% da população é negra, como o negro sendo a grande maioria pode ser considerado diferente? Através desse conto pode-se tratar tanto a aceitação quanto a valorização do outro.

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  3. Que nostalgia! Li este livro quando criança. Livro incrível!

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