domingo, 4 de dezembro de 2011

Thalita Rebouças, a escritora mais animada do Brasil

“Sou fofa. Pelo menos é o que dizem as boas línguas”. Assim começa a descrição feita por Thalita Rebousas. De quem? Dela mesma!
Nascida em 10 de novembro de 1974 na cidade do Rio de Janeiro, Thalita é autora de literatura infantojuvenil e seu nome tem invadido as prateleiras de várias livrarias nacionais e estantes de muitas meninas por abordar temas parecidos com os de livros já apresentados em postagens do grupo de Literatura Juvenil, como no caso do “Querido Diário Otário,”, onde os “dramas” do universo jovem são discutidos de forma descontraída e atualizada.
De acordo com a autora, “a vontade de escrever nasceu quando eu era criança. Do alto dos meus 10 anos eu me autodenominava "fazedora de livros", já que cuidava de todos os detalhes pessoalmente”.
No site é possível conferir todos os livros publicados, fotos, vídeos e várias outras informações, como postagens feitas neste ano no YouTube, com imagens de Thalita Rebouças na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e no Programa do Jô.


Grupo 2: Literatura Juvenil

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Poesia e sensibilidade infantil

A professora e pesquisadora Maria da Glória Bordini é referência nos estudos da literatura infantil. Um de seus livros Poesia Infantil, publicado pela Editora Ática, tem como segundo capítulo Poesia e sensibilidade infantil, o qual discute formas populares e cultas da poesia enfatizando a relação que existe entre o corpo e a mente infantis, principalmente os aspectos da sensibilidade estética.
Bordini destaca em seu artigo a evidência sonora da poesia para o público infantil, pois, para a autora, mesmo sem compreender o sentido, a criança se encanta com o texto, pede para o adulto ler várias vezes e assim, chega até a decorá-lo.
A autora ainda aponta que "não só de efeitos auditivos se faz o poema". Com isso, tem-se outra peculiaridade da poesia infantil, a imagética, para a qual a produção de sentido se faz interpondo ao referente do signo um outro referente.
No artigo ainda é comentado sobre outra característica dessa poesia, a incompletude necessária do universo imaginário projetado pelo tecido verbal que, juntamente com a imagética, contribui para o movimento de introspecção.
Ao final, Bordini trata ainda da admiração da criança frente ao texto poético, apontando que 
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A gratuidade inerente a esses tipos tão diversos de brincadeira com as palavras – quando são artísticos e não profissorais – arrasta o pequeno leitor a uma situação mental em que se pode tudo o que na vida cotidiana é visto de sobrancelhas franzidas, desde a quebra de padrões lingüísticos até a subversão dos moldes lógicos de apropriação do real. (BORDINI, 1991)

O artigo está disponível em: migre.me 

Saiba mais sobre o assunto:

BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. 2.ed. São Paulo: Ática, 1991. (Série princípios, 97).

BORDINI, Maria da Glória. Por um conceito de poesia infantil. Letras de Hoje, nº 43. Março de 1986, ano 4.


Postado por GT3- Poesia Infantil

Sugestão de vídeo e texto teórico: programa "Salto para o Futuro"

    O programa "Salto para o Futuro" é uma iniciativa da TV Brasil para tratar de diferentes temáticas relacionadas à educação. Além de entrevistas, no site do programa é possível encontrar textos teóricos escritos pelos convidados.
   Sugerimos que se assista o vídeo da série "A arte de ilustrar livros para crianças e jovens", na qual se expõe e de discute o processo de ilustração. Os textos teóricos a respeito da série podem ser conferidos aqui.
   Existem também outras sérias sobre literatura, vale a pena conferir!!!

Literatura Infantil e Juvenil Contemporânea: Autores Consagrados, já temos? Perspectivas Atuais

            A literatura infantil e juvenil, a partir da década de 1990, tornou-se uma grande indústria, respondendo, hoje, por milhares de livros  vendidos anualmente. Antes de nos atermos aos autores, cabe, trazer aqui, alguns dados apontados por Martha (2008, p. 1) a respeito do investimento do Governo Federal na distribuição de Livros:
           
Educação Infantil:

Investimento: R$ 9.044.930,30
Alunos atendidos: 5.065.686
Escolas atendidas: 85.179
Livros distribuídos: 1.948.140
Acervos: 97.407

Ensino Fundamental:
Investimento: R$ 17.336.024,72
Alunos atendidos: 16.430.000
Escolas atendidas: 127.661
Livros distribuídos: 3.216.600
Acervos: 160.830
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Para nós, esses dados são importantes, porque revelam que os livros estão nas escolas e, como futuros professores, devemos conhecê-los criticamente a fim de utilizá-los em nossa prática pedagógica.

É difícil falar de autores consagrados da literatura infantil e juvenil contemporânea, tendo em vista o caráter múltiplo que envolve essa indústria. Sendo assim, conduzimos nossa discussão apresentando as tendências da literatura atual, expondo, pois os rumos que os autores estão seguindo e que poderão consagrá-los.

       Primeiramente, parece ponto pacífico entre estudiosos do assunto, dentre eles Alice Penteado Martha (2008), Luft e Rosing (2007) e Turchi (2008), que a literatura destinada às crianças e aos adolescentes e jovens, acompanhando o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, as TIC, vale-se de múltiplas linguagens e mídias (visual, verbal e também a digital, no caso dos e-books) para atingir seu público. Isso significa que as obras apresentam um refinado projeto gráfico-editorial que somado à ilustração e ao texto verbal constituem, juntos, o texto literário: híbrido e multimodal. 

         Turchi (2008, p. 6), nesse sentido, afirma “[...] a aposta do mercado editorial num projeto gráfico e numa ilustração de qualidade transforma esse produto cultural que é a literatura infantil, dá a ela novas configurações e dimensões”. Isso por que, segundo Luft e Rosing (2007), o novo leitor, revelado pela perspectiva do século XXI, participa dos centros culturais multimídias.
 
Isso posto, acreditamos que, aos escritores de literatura cabe, cada vez mais, explorar os leques de possibilidades de significação ofertados pelas várias linguagens. Implica, pois, participar também desse universo multimídia não só publicando suas obras em formatos impressos, auditivos e digitais, mas como espaço de interação entre público e leitor, estreitando os laços.
 
Ao fazer uma simples pesquisa pelo Twitter, constatamos que, ainda, poucos escritores utilizam as redes sociais, com raras exceções, como Gabriel, O Pensador e Walcyr Carrasco, por exemplo. Entretanto, ao fazer uma simples busca no Google, verificamos que a maioria dos escritores possui sites, em que há espaço para contato. Ou seja, existe já um contato mais direto entre autor e público, mas essa interação poderia aumentar caso os autores participassem também das redes sociais.

         Além da diversidade de linguagens, há também uma diversidade de temas e identidades. A literatura infantil e juvenil contemporânea apresenta temáticas alicerçadas na multiculturalidade, na qual se dá voz à “cultura africana”, aos indígenas, as periferias (não no sentido de protesto, mas de mostrar a arte que lá se produz). Acrescentam-se, também, temas específicos à idade desses leitores, por exemplo, questões afetivas e amorosas etc. Entretanto,  esses assuntos não vistos do ponto de visto utilitário, mas, sim, da constituição do ser.

         Martha (2008, p. 16), ao analisar algumas obras que apresentam essas características, dentre elas,  para o público juvenil Lis no peito (Biruta, 2005), de Jorge Miguel Marinho; O rapaz que não era de Liverpool (SM, 2006), de Caio Riter; Alice no espelho (SM, 2005), de Laura Bergallo; Pena de ganso (DCL, 2005), e, para o público infantil, Cacoete (Ática, 2005) e Felpo Filva (Moderna, 2006), ambos de Eva Furnari; Um garoto chamado Rorbeto (Cosacnaify, 2005), de Gabriel o Pensador; Lampião & Lancelote (Cosacnaify, 2006), de Fernando Vilela, afirma que:
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Nessas narrativas, o que desperta a atenção dos leitores, na ênfase no processo de construção das personagens, é o fato de que a infância e a adolescência não são vistas como preparação para a maturidade, mas enfocadas como etapas decisivas no processo de vida, plenas de significado e valor, portanto. Em outras palavras, as personagens não são construídas como ainda-não-adultos ou como já-não-mais-crianças, são portadoras de uma identidade própria e completa.
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            Em campo tão múltiplo como esse da Literatura Infantil e Juvenil, acreditamos que os autores consagrados serão aqueles que: a) atendam as demandas multiculturais, salientando as questões de identidade; b) façam um  trabalho articulado com as linguagens; c) privilegiem o estético, criando um texto plurissignificativo, desafiando o leitor.
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Referências
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MARTHA, A.A.P.  A literatura infantil e juvenil:produção brasileira contemporânea. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 43, n. 2, p. 9-16,. 2008.  Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/4744/3573

LUFT, G.; ROSING, T.M.K . Nova Leitura Literária Infantil e Juvenil no Contexto dos Centros Culturais Multimidiais.  Língua e Literatura, v. 10 n. 14 p. 67 – 83, 2007. Disponível em:
http://www.fw.uri.br/publicacoes/linguaeliteratura/artigos/n14_4.pdf
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TURCHI, M. Z. . Tendências atuais da literatura infantil brasileira. In: XI Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada - ABRALIC, 2008, São Paulo. Anais do XI Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada, 2008. São Paulo : e-book, 2008. p. 1-6. Disponíbvel em:
http://www.abralic.org.br/anais/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/047/MARIA_TURCHI.pdf

Postado pelo GT-06 - Autores consagrados

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

As princesas soltam pum?

No livro Até as princesas soltam pum de Ilan Brenman, a garotinha Laura procura o pai para sanar sua grande dúvida: as princesas soltam pum? O pai, diante do questionamento da filha, pega o livro secreto das princesas e conta para a filha o que ninguém sabia até então. Cinderela, Branca de Neve, a pequena Sereia, nenhuma delas escapa da revelação de seus maiores segredos. Mesmo sendo lindas princesas, elas sofriam com esses problemas gastro-intestinais.

Esta obra contemporânea aborda a questão da desconstrução de estereótipos criados pela sociedade e impostos desde cedo para a criança, neste caso especificamente em relação às meninas. A ideia que se tenta transmitir é a de que, se as princesas que  são vistas como ideais de beleza e perfeição possuem defeitos, uma menina que vive no mundo real deve aceitar que possui defeitos e aceitar o outro como alguém que também os possui. E mais do que isso, este livro mostra que todos nós temos necessidades biológicas e que devemos conviver bem com isso.
A relação entre pai e filha também quebra certos estereótipos de que as meninas só tiram suas dúvidas com a mãe.
Vale a pena conhecer esse livro de Ilan Brenman com ilustrações de Ionit Zilberman!
Para ler o livro acesse este blog:

Informações sobre o autor:
http://www.ilan.com.br/index.htm


GT - 4 Contos de fadas na atualidade

Kaká Werá Jecupé: uma importante personalidade indígena

Kaká Werá Jecupé é um importante nome da cultura e da literatura indígena, não só infantil. O escritor concedeu uma grande entrevista, na qual ele fala sobre sua vida e sua história, para o site "Museu da pessoa". Clique aqui e confira a entrevista na íntegra.
Na entrevista, é possível perceber as facetas de Kaká Werá Jecupé. O autor de "As fabulosas fábulas de Iauaretê", também tem uma grande preocupação com o meio ambiente e é presidente do Instituto Arapoty, no vídeo abaixo é possível conhecer mais sobre os projetos ambientais que ele coordena:


A preocupação ambiental não é o único foco do projeto que o escritor coordena, o Instituto Arapoty também possui uma preocupação cultural e literária. Assim, foi criado o projeto Fábulas de Iauaretê. O projeto é baseado no livro "As Fabulosas Fábulas de Iauaretê" e contempla palestra do escritor, contação de histórias da Cia Duberrô e oficinas culturais. No vídeo a seguir podemos saber um pouco mais sobre o projeto que nasceu na literatura infantil indígena: 



Grupo 1: Literatura infantil indígena

"As fabulosas fábulas de Iauaretê"- Kaká Werá Jecupé

Kaká Werá Jecupé nasceu em 1º de fevereiro de 1964, no distrito de Parelheiros, em São Paulo (SP), é de origem tapuia. Além de escritor, também é empreendedor social e fundador do Instituto Arapoty.

Kaká Werá Jecupé escreveu livros para o público adulto, para o público infantil escreveu "As fabulosas fábulas de Iauaretê" - a onça que virou guerreiro kamaiurá, casou com Kamakuã, a bela, que gerou Iauaretê-mirim, que perseguiu o pássaro Acauã para conseguir a pena mágica e voar até Jacy-Tatá, a mulher-estrela, senhora do segredo dos poderes dos pajés - e conta os melhores momentos de uma das mais divertidas lendas do ideário Guarani: as aventuras da onça Iauaretê e de seus filhos, Juruá e Iauaretê-mirim.  Além disso, as ilustrações foram feitas por e Sawara, filha de 11 anos do autor.  As fábulas da obra abordam temas como medo, coragem, dúvida, amor, morte, paz, oportunidade, erros e acertos que vivenciamos, divertindo e emocionando adultos e crianças.



Referências:


Grupo 1: Literatura infantil indígena

A lenda da Vitória-Régia

A literatura infantil indígena tem como um de seus pilares as lendas. Essas lendas, muitas vezes, são utilizadas pelas escolas para trabalhar  o imaginário infantil e disseminar a cultura indígena e, consequentemente, brasileira. Assim, é comum encontrar vídeos que contam essas lenda voltados para o público infantil. 
A lenda da Vitória-Régia é pertencente a cultura dos índios da Amazônia, pois a planta é típica da região. Apesar de algumas mudanças de enredo, as lendas têm a mesma essência: a índia que mergulha no mar para se aproximar da lua e acaba se transformando na planta. 
Essa lenda, que foi preservada no decorrer do tempo pela tradição oral dos índios, atualmente chega até nós e até nossas crianças por meio de vídeos, como os que seguem abaixo:



Grupo 1: Literatura infantil indígena

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O que faz um escritor ser consagrado?

Segundo Flory (2011), a tradição ou o cânone literário, onde se enquadram os escritores consagrados, é determinada por algum critério que considera uma obra ou um autor melhor que outros por apresentar um maior grau de representatividade de alguma tendência literária ou por atenderem os interesses dos críticos de literatura.

            O autor ainda diz que uma obra, ao passar de geração em geração deixando marcado na cultura um determinado momento histórico, também “forma uma tradição de obras e autores consagrados que devem ser lidos para se ter acesso a essa cultura” (FLORY, 2011, p.2). A partir desses critérios, o autor mostra que se origina um circuito fechado, em que “uma obra deve ser lida por que é parte do cânone, e é parte do cânone porque merece ser lida” (p. 2).

            Flory (2011) mostra que muitas vezes um cânone é aceito sem nenhuma justificativa, o que revela uma situação de imposição forçada. O autor revela sua assimilação com a concepção de cânone retratada por Candido (2006, p. 25-26):
 
Um sistema de obras ligadas por denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes duma fase (...) É uma tradição no sentido completo do termo, isto é, transmissão de algo entre os homens (...) E aos quais somos obrigados a nos referir, para aceitar ou rejeitar.

            Nesse sentido, alguns autores de literatura infantil atrelaram literatura e sociedade, deixando cristalizado, através de suas obras, tendências e mudanças de uma determinada época.



            No link acima é possível ter acesso ao blog “mediando” que apresenta uma lista de autores consagrados, que são trabalhados em sala de aula.                      


Referências

FLORY, A. V. Tradição e ruptura na narrativa brasileira. In: Literatura Brasileira: narrativa. Maringá: UEM, 2011.

postado por GT6: Autores consagrados da literatura infantojuvenil

domingo, 27 de novembro de 2011

Histórias em Quadrinhos e a Literatura Juvenil

Há quem discorde, mas, por que é correto afirmar que exista Literatura Juvenil em forma de “História em Quadrinhos”? Antes de mais nada, que tal ilustrar essa possível “verdade”, veja os exemplos a baixo:
 
 
Nos trechos acima, os textos lidam com relacionamentos pessoais que são abordados de maneira diferenciada devido ao público a qual se destinam. No primeiro caso, a tirinha da “Turma da Mônica” trás um pouco dos romances da infância, e o contraste entre os sentimentos das meninas e meninos; a segunda imagem pertence a “Turma da Mônica Jovem”, neste, vemos a malícia da juventude aflorando e a necessidade da personagem – assim como de muitos adolescentes – de afirmar que não é mais criança, que cresceu; no último, algo mais adulto surge, o ato sexual é evidente, e a linguagem é mais pesada, divergindo dos outros casos.
A Literatura Juvenil e/ou Infanto-Juvenil é um “ramo” literário, portanto, podemos catalogar textos líricos, épicos e dramáticos como Juvenis? Caso a resposta seja sim, como acredito ser, seria correto afirmar que esse ramo possui contos, crônicas, poesias, palestras, cartazes, reportagens e etc., não exclusivas, mas sim, especialmente destinadas para o público jovem? Portanto, se existem contos, crônicas, poesias, palestras, cartazes e reportagens juvenis, as histórias em quadrinhos também podem ser lidas como Literatura Juvenil?

Há muito a ser estudado sobre Literatura Juvenil, neste caso, qual a sua opinião e em quais pontos da postagem você se concorda e/ou discorda?

BREVE DIFERENÇA ENTRE TERMOS
  • Gêneros Literários - divisão referente ao conteúdo: dramático, lírico e épico. 
  • Tipologia Textual - à forma do texto: descrição, narração, dissertação, exposição, injunção, diálogo e entrevista.
  • Gêneros Textuais - podem ser literários ou não-literários: contos de fadas, biografias, romances, poesias, histórias em quadrinhos, reportagens, cartas, resenhas, palestras, artigos, receitas, bulas, etc.
Grupo 2: Literatura Juvenil

sábado, 26 de novembro de 2011

Série "Literatura em minha casa: meus primeiros contos"


Meus primeiros contos, também da série Literatura em minha casa, é uma antologia de contistas brasileiros, publicada pela Editora Nova Fronteira.
Ao contrário do que acontece em Contos Da Escola, esta obra apresenta grande disparidade entre os autores, ou seja, traz tanto contos de Guimarães Rosa e Machado de Assis – autores consagrados – como de Leo Cunha e Hebe Coimbra – nomes não tão conhecidos na literatura brasileira. Talvez a escolha dos contos se justifique pela qualidade deles, que, independentemente do prestígio de seus autores, são muito interessantes. Vale a pena ressaltar as enormes diferenças entre eles, seja pelo tema, pela extensão da narrativa, pela forma de narrar, pela linguagem ou pela forma como são estruturados.
O primeiro dos seis contos é O sabiá e a girafa. É perceptível a musicalidade que se estabelece no conto pela repetição de consoantes fricativas, que podem aludir ao próprio canto do sabiá: “Mas o sabiá da minha história não sabia avoar. Assobiar ele sabia. Mas, que mais batesse as asas, o sabiá não subia.” O conto, narrado em prosa poética, dá nome ao livro pelo qual Leo Cunha recebeu os prêmios: Bienal Nestlé, Jabuti e Ofélia Fontes – O Melhor para a criança – da FNLIJ em 1994.
A segunda história, Num pacato vilarejo (altamente recomendável pela FNLIJ), escrita por Hebe Coimbra, é construída em forma semelhante a de um poema, apresenta rimas e possui uma linguagem bem humorada.
A seguir o livro traz Fita verde no cabelo de Guimarães Rosa, considerada altamente recomendável pela FNLIJ pela riqueza simbólica, pela singular estrutura narrativa e pela linguagem inovadora – típica das obras do autor.
Chifre em cabeça de cavalo de Luiz Raul Machado, quarto conto da coletânea, recebeu o prêmio Orígenes Lessa – O melhor para o jovem –, da FNLIJ, em 1995. O conto é bastante criativo, faz referência e cita várias outras obras da literatura, tanto brasileira quanto estrangeira, como Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes e Memórias de Emília, de Monteiro Lobato.
A história que se segue é Um apólogo, de Machado de Assis. O conto é bastante curto e aborda as relações humanas por meio da personificação de uma agulha, uma linha e um alfinete: “... um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
– Anda, aprende tola. Cansas-te em abrir caminho para ela (a linha) e é ela que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
O último conto é Zoiúdo: o monstrinho que bebia colírio, de Sylvia Orthof. A autora, que já ganhou muitos prêmios com suas peças teatrais, aproxima o leitor por meio da narração em primeira pessoa, além de utilizar da metalinguagem: “Eu estava sentada ali, quando escutei uma voz, que vinha da ameixeira:
– Ei, Sylvia, você escreve uma história sobre mim? Escreve? Você escreve? Creve? Creve? Creve? Ve? Ê?
A palavra ia diminuindo de extensão, mas aumentando de chateação. Quem seria?”
Este trecho também nos permite observar o quanto a linguagem utilizada por Sylvia Orthof é simples e próxima ao cotidiano da criança e do jovem.
Meus primeiros contos, assim como os demais livros da série Literatura em minha casa, oferece rico material para as aulas de língua portuguesa e literatura. Cada conto deste livro, com suas extremas diferenças, é uma oportunidade para trabalhar a leitura deste gênero em sala de aula.

Grupo 5: Obras Premiadas

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Revista virtual de poesia infantil

O gênero poesia infantil possui muitas especificidades, no entanto, não é muito comum encontrarmos sites ou livros que abordam toda a complexidade da poesia infantil. É por esse motivo que se destaca o site Revista Tigre Albino, pois traz diversas postagens e entrevistas que abordam desde o que seja poesia, autores e a análises de poesias. É uma revista virtual que pode auxiliar desde alunos do ensino básico à alunos da graduação. Um dos artigos que se destacam nesta revista   é  Poesia e sensibilidade infantil de Maria da Glória Bordini.
Dentre os editores do site encontra-se o escritor Sérgio Capparelli, que escreveu diversas obras infantis e também é o autor do site Ciber & Poemas, que traz muitos exemplos de poesias visuais.
O "Tigre Albino" é um site de grande credibilidade, pois possui um conselho editorial reconhecido no meio literário e acadêmico: Blanca Roig da USC e da LIJMI, Espanha; Ezequiel Theodoro da Silva, da UNICAMP e da ALB, Brasil; Isabel Mocino Gonzales, da USC e da LIJMI, Espanha; Laura Sandroni, da FNLIJ, Brasil; Maria Antonieta Cunha, da PUC-MG, Brasil; Marisa Lajolo, da UNICAMP e MACKENZIE, Brasil; Silvia Castrillon, da Asolectura, Colômbia; Virgilio López Lemus, do ILL, FAyLUH e AC e ACC, de Cuba.


Grupo 3: Poesia Infantil

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Série "Rumos na Rede": Uma Impressão do Ciberespaço



       Atualmente, os adolescentes passam grande parte de seu tempo livre "online", navegando por sites diversos, ouvindo músicas, acessando redes sociais, jogos e etc. Nessa faixa etária, raros são aqueles que leem por prazer. 
Na grande maioria dos casos, a leitura de um texto literário é realizada por imposição da escola, e por isso, a série nacional "Rumos na Rede" busca inovar tanto na temática abordada, quanto na estrutura das obras, que apresentam-se assim como as páginas da web, diferenciando a leitura destes, de outros livros já conhecidos de literatura juvenil.
De acordo com a editora, "a série foi criada para oferecer ao jovem a possibilidade de refletir sobre importantes temas associados à vida no ciberespaço: dificuldade de estabelecimento de relações afetivas sinceras; distúrbios associados ao corpo; e perda de noção de limite entre certo e errado".
A partir da leitura dos livros, professores e alunos podem interagir com um blog online, no qual terão a possibilidade de trocar ideias com outros alunos e professores. É a "literatura de papel" que conhecemos tomando novos caminhos, abrindo novas possibilidades.
São três as obras pertencentes a coleção: O Colapso dos Bibelôs, de ÍndigoA Menina da Árvore, de Tati Bernardi; e Presas na Teia, de Rosana Hermann. No site, é possível saber mais sobre a proposta da série e de cada obra que a compõe e também se pode assistir aos vídeos com comentários das autoras a respeito da literatura e do mundo virtual.
Veja a seguir as capas e informações pertencentes a cada um dos textos da coleção. Boa leitura!

O Colapso dos Bibelôs, de Índigo
Coordenação de Maria Luiza Abaurre
Ilustrações: Weberson Santiago,Thiago Cruz e Klayton Luz 

O desespero de Danilo nos obriga a enfrentar uma incômoda questão: o que aconteceria se, de uma hora para outra, as tecnologias que facilitam a comunicação virtual parassem de funcionar?
O colapso ficcional criado na narrativa de Índigo revela o impacto dos meios de comunicação virtual no estabelecimento das nossas relações afetivas mais importantes. E nos leva a enfrentar o desafio de determinar se a tecnologia, hoje, controla as nossas vidas.


A Menina da Árvore, de Tati Bernardi
Coordenação de Maria Luiza Abaurre
Ilustrações: Weberson Santiago,Thiago Cruz e Klayton Luz

Como engolir o sofrimento diário? Como digerir a rejeição dos colegas? O que fazer quando o próprio corpo é seu maior inimigo? “Por que o mundo todo acontecia pra fora, enquanto ela só acontecia pra dentro?” Essas são algumas das perguntas que atormentam a vida de Antônia.
Em A menina da árvore, Tati Bernardi dá voz às angústias de uma adolescente, trazendo para o centro da cena narrativa os dramas da existência de alguém insatisfeito com a própria imagem, que luta para ser aceito por seus pares.


Presas na Teia, de Rosana Hermann
Coordenação de Maria Luiza Abaurre
Ilustrações: Weberson Santiago, Thiago Cruz e Klayton Luz
André é um adolescente como tantos outros, que enfrenta gozações diárias, tentando sobreviver a comentários que machucam mais do que agressões físicas. Quando sua masculinidade é questionada, decide fazer alguma coisa para conquistar o respeito dos colegas. Como poderia imaginar, porém, que a divulgação de uma foto teria consequências tão sérias?
Em Presas na teia, Rosana Hermann tece vários fios narrativos para contar a história desse adolescente que, sem se dar conta dos limites entre público e privado, vê-se enredado em uma teia de dilemas éticos.


REFERÊNCIA

Rumos na Rede. Disponível em: www.modernaliteratura.com.br/rumosnarede
Acesso em: 23 de novembro de 2011.

Grupo 2: Literatura Juvenil

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Série "Literatura em minha casa: Contos da Escola"


     O terceiro livro que compõe a coleção Literatura em minha casa é o Contos Da Escola. Composta por contos de grandes autores como Lygia Fagundes Telles, Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar e Pedro Bandeira, a obra viaja na memória dos autores, retratando suas experiências durante a época em que eram estudantes.
     Os oito contos presentes no livro narram sobre o primeiro dia de aula, o novo aluno da turma, o susto ao ser surpreendido com cola, apresentações musicais, dentre outros. Ao que parece, todos os contos foram escritos especialmente para esta publicação e, diferentemente de outras obras que compõem a coleção, não receberam prêmios ou foram indicados por fundações.
     Apesar de ser escrito por grandes autores, os textos não passam de simples narrações de fatos ou experiências de personagens infantojuvenis, em alguns casos com tom memorialista. Não apresentam nenhum grau de complexidade e, em sua maioria, são essencialmente utilitários, com ideias clichês, como acontece no final do conto de Moacyr Scliar, A voz da consciência e outras vozes, em que o protagonista é um menino novo na escola – não por acaso chamado Edmundo -, que é antipático e muito prepotente; ao se aproximar a data da prova de matemática, todos os alunos se reuniram para estudar em grupo, mas Edmundo preferiu não estudar, disse que não precisava. Ele contratou então um técnico para que fizesse um aparelho através do qual passasse todas as respostas da prova, porém, para se vingar da maneira como Edmundo tratava a todos na escola, o rapaz não passou a cola. O conto termina “E, apesar do que dizia minha avó, podemos, sim, ouvir muitas vozes neste mundo. Inclusive a voz da consciência” (pág. 46).
     Como sabemos, Literatura em minha casa é uma coleção distribuída pelo MEC e, segundo afirma o próprio PNDE “A ideia do programa foi incentivar a leitura e a troca dos livros entre os alunos, além de permitir à família do estudante opção de leitura em casa. As escolas também receberam quatro acervos para sua biblioteca." (*). Mas até que ponto essa ação realmente influencia a leitura por parte dos alunos? Segundo Rodrigues, Mártir e Araújo (**), muitas são as críticas ao programa, pois não se pode afirmar que a posse de um livro determina a formação de um leitor. Sem contar a facilidade em se encontrar livros dessa coleção em vários sebos espalhados pelo país.
     Independente disso, a forte intenção de resultado positivo se marca também pela escolha dos temas de cada obra. Contos da Escola, por exemplo, traz a temática escolar, muito próxima da criança, atuando como motivação para a leitura. Além disso, contribui fortemente para o conhecimento de grandes escritores, pois antes de todo conto há uma breve bibliografia de cada autor – todas escritas por Ruth Rocha-, sempre com foco para sua época de estudante.
     Devemos considerar também o trabalho que a escola e o professor faz junto ao aluno com o material distribuído, mesmo não sendo seus textos indicados ou premiados, como é o caso de Contos da Escola, pois é possível que sem o trabalho conjunto desses três eixos, o projeto realmente não forme bons leitores, ou seja, capazes de depreenderem os vários efeitos de sentido de um texto e saber criticá-lo. 
 
Notas:

* http://www.fnde.gov.br/index.php/be-historico - Acesso em 22/11/11.
** http://coopex.fiponline.com.br/images/arquivos/documentos/13.pdf - Acesso em 22/11/11.


postado pelo Grupo 5 - Obras premiadas

domingo, 20 de novembro de 2011

Vinicius de Moraes

A Arca de Noé

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.

O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca.

Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: “Boa terra
Para plantar minhas vinhas!”

E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora as cabeças botam.

Grita a arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pêlo
Pela terra prometida.

"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta; e o tigre - "Não!"

Afinal com muito custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista...

Na serra o arco-íris se esvai...
E... desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória.

Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.

Biografia

Marcus Vinicius da Cruz Mello Moraes, conhecido popularmente como Vinicius de Moraes, nasceu em 1913, no Rio de Janeiro. Interessava-se por música e literatura desde a infância, provavelmente influenciado pelo constante contato com tais artes, pois seus pais eram músicos amadores e, além disso, seu pai era poeta. 
Estudou numa escola de padres – Santo Inácio – e aí formou-se em Letras. Bacharelou-se em Direito – Faculdade do Catete -, em 1933. No ano de 1938, ganhou uma bolsa para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford, da qual retorna em 1939.
Esse consagrado artista brasileiro tinha inúmeros talentos: era poeta, compositor, dramaturgo, jornalista e foi também diplomata. Deixou uma extensa obra, principalmente na literatura e na música brasileiras. No cenário musical fez diversas parcerias famosas com Tom Jobim, Toquinho, João Gilberto e Chico Buarque. 
Vinicius de Moraes, era um exímio apaixonado, casou-se oito vezes: em 1939, com Beatriz Azevedo de Mello, com quem teve dois filhos (Suzana e Pedro); em 1951, com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli com quem teve duas filhas (Georgiana e Luciana); em 1958, com Maria Lúcia Proença; em 1961, com Nelita Abreu Rocha; com Cristina Gurjão, em 1969; com a atriz Gesse Gessy, em 1971, com a qual tem uma filha (Maria); com Marta Rodrigues Santamaria, em 1976; e, finalmente com Gilda de Queirós Mattoso em 1978, com quem permaneceu até a morte por edema pulmonar, em 1980.
 No ano de seu falecimento foi produzido e exibido o Musical A arca de Noé pela Rede Globo, inspirado no livro homônimo, muito famoso, que é direcionado para o público infantil.

Em parceria com Toquinho, fez compôs uma música que ficou marcada na memória dos brasileiros, pois foi usada no comercial (em diversos anos diferentes) do lápis de cor da marca Faber Castell.




Referências


MORAES, Vinicius. A Arca de Noé: poemas infantis. 14.ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/10918

postado por GT6 - Autores Consagrados na Literatura Infantil