domingo, 25 de setembro de 2011

Anjos: A Nova Febre da Literatura?

  O flanco de mercado aberto por Harry Potter no Brasil, há dez anos, vem sendo dominado por personagens com características sobrenaturais, cujo poder principal é o de arregimentar leitores entre o público jovem. O nicho já foi protagonizado por bruxos, por seres mitológicos e por vampiros, os atuais mandatários do pedaço. E tudo indica que em breve será tomado por criaturas celestiais. “Os anjos são o filão do momento”, diz Gabriela Nascimento, editora de títulos juvenis da Agir/Ediouro, que acaba de lançar no Brasil a trilogia Halo, da australiana Alexandra Adornetto. (...)

  “De fato, depois da linha de Harry Potter, que une magia e fantasia, passamos pelos vampiros da Stephenie Meyer e agora há uma movimentação para o lado dos anjos”, diz Fabio Herz, diretor de marketing e relacionamento da Livraria Cultura. “Esse filão pode não atingir a força do nicho vampiresco, mas certamente vai continuar crescendo, porque há um interesse claro do público e porque o segmento dos vampiros uma hora vai saturar.”



  O Poder dos Anjos
 
  A publicação de um livro não se faz do dia para a noite. Os editores estão sempre visitando feiras no Brasil e no exterior, acompanhando os lançamentos e planejando o que vão pôr no mercado com um ano de antecedência, em média. Na Novo Conceito, a revoada dos anjos vinha sendo armada desde o início de 2009. “Os anjos despontaram como tendência há mais de um ano. Na época, já havia muita coisa de vampiro, nós sentíamos que esse filão estava se esgotando. Buscando algo novo para lançar, encontramos a série da Elizabeth Chandler, que nos EUA foi lançada ainda no final dos anos 1990, e deve ganhar uma continuação em 2011”, diz Milla. “O leitor brasileiro de modo geral ainda é um jovem leitor, então, se o livro for fácil, tem boa aceitação. No caso dos anjos, contribui o fato de eles não serem tão diferentes dos vampiros, que estão em alta: são personagens com poderes especiais, vivendo histórias de amor.”

  Para Gabriela Nascimento, da Ediouro, além de envolvidos em histórias românticas, os anjos estão imersos em crises que permitem ao leitor, ainda mais adolescente, se identificar com eles. “Os anjos atraem pela dicotomia entre o bem e o mal, especialmente os caídos, que fazem bobagens e enfrentam dilemas. Na adolescência, os questionamentos éticos são mais acentuados e a identificação é maior com esses personagens de dois lados, que precisam escolher entre agir bem ou mal, assim como o vampiro bonzinho de Crepúsculo deseja, mas tem pudor de morder a amada.” 


  Livros Seriados 
 
  Outro sintoma da febre dos anjos foi a distribuição pela Rocco, na última semana, dos primeiros 15.000 exemplares brasileiros de Tempo dos Anjos (288 páginas, 34,50 reais). O livro abre uma trilogia angelical da veterana Anne Rice, mais conhecida por seu envolvimento com a literatura vampiresca – em especial, pelo já clássico Entrevista com o Vampiro. A chegada de Rice ao pedaço coroa a sua ascensão. E mostra que o formato de série lançado e consagrado por J. K. Rowling e seu Harry Potter continua ditando os lançamentos para o público jovem. 
 
  De fato, apesar da mudança dos protagonistas dos livros, que agora têm asas em vez de dentes afiados ou varas de condão, a estrutura geral é semelhante. São séries de universos fantásticos dotados de verossimilhança interna e profundidade psicológica. “Harry Potter teve o mérito incontestável de ter feito as editoras no mundo inteiro olharem para o público jovem e de ter criado espaço para livros seriados”, diz Jorge Oakim, editor da Intrínseca. “A saga mostrou que livro para jovem não precisa ser simples, de menos de 200 páginas e personagens ralos. O importante é que seja um livro capaz de agradar. Se o leitor jovem gosta de um livro, ele não para mais de ler.”


(Trechos da matéria "Depois de bruxos e vampiros, anjos devem ser a nova febre da literatura" de Maria Carolina Maia à Veja: http://migre.me/5WcAa)


Grupo 2: Literatura Juvenil

O Artesão, de Walter Lara


  Estreante no campo da Literatura infanto-juvenil, Walter Lara, artista plástico premiado, é autor do livro O artesão, recomendado para leitores iniciantes de 6/7 anos. O livro, construído somente por imagens, estimula a imaginação da criança-leitora por meio do realismo mágico. A obra "sem palavras" foi considerada entre as 30 melhores do ano pela Revista Crescer em 2011, além de ser selecionada para o Catálogo de Bolonha (2011), e ser altamente recomendada pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil (FNLIJ). 
 
  O site da editora Abacatte (http://www.abacatteeditorial.com.br/catalogo-interna/artesao) sugere exercícios para serem trabalhados em sala de aula juntamente com a leitura do livro: 

ATIVIDADES SUGERIDAS

- Conversar com a turma sobre a figura do luthier e sua importância como artesão de sonhos.
- Orientar os alunos numa minipesquisa sobre a arte de construir instrumentos de corda, também conhecida como luteraria. Pesquisar também sobre projetos bem-sucedidos de formação de jovens luthiers.
- Pedir comentários sobre a narrativa por imagens: o protagonista e seus pequenos companheiros; luteraria e respeito à natureza; o ofício de formar instrumentistas.
- Incentivar a classe a responder às perguntas lançadas por Fábio Sombra, na 4ª capa.
- Levar, para uma audição em sala de aula, algumas faixas de CD's com músicas gravadas por grandes violonistas do Brasil.
- Produção de texto (em prosa ou em versos): ''Violão companheiro''.




Grupo 5: Obras Premiadas

Poesia Infanto-Juvenil Virtual


Ciber & Poemas, este é um site de Sérgio Caparelli (Prof. Dr. do PPGCOM da FABICO/UFRGS) e Ana Cláudia Gruszynski (Prof. Mestre da FABICO/UFRGS), o qual vale cada minuto investido na página. Hoje a poesia infantojuvenil tem sido muitas vezes deixada de lado, e Gruszkynski e Caparelli mostram que esse gênero ainda encanta trazendo-o a nova realidade do mundo de hoje: o mundo virtual.

O site possui um link onde te leva para Ciberpoemas, e neles você tem que clicar e interagir com o poema para conseguir ler, e você ainda tem a oportunidade de fazer o seu! Os dez ciberpoemas variam de 170 kb a 890 kb. Eles também são encontrados na versão visual, no link de poesia virtual (do navio as flechas), onde existem doze versões de poemas. Aqui estão alguns no modo visual:

            


Uma figura de um livro te leva pra entender qual o livro que gerou inspiração para esse site, tão diferente, literário, poético e atual. O Livro Poesia Virtual foi publicado em 2000, pela editora Global, de São Paulo, é composto por 28 poemas visuais. Inicialmente era destinado ao público Infantojuvenil, mas hoje reconhece que o livro encanta todas as idades. A página possui um link, brincando na web, que te conduz a conhecer vários outros sites e ideias sobre ciberpoesias.

 

REFERÊNCIA
 
Ciber Poesia: www.ciberpoesia.com.br

Grupo 3: Poesia Infantil



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ana Maria Machado- Parte II - História meio ao contrário

HISTÓRIA MEIO AO CONTRÁRIO


           Assim que lemos o título do livro História meio ao contrário, lançado em 1978 por Ana Maria Machado, percebemos que não se trata de uma história convencional. As “histórias podem ir em uma direção, digamos, direto ou na contramão [...]. Meio ao contrário soa esquisito, porque não se compromete com um lado, nem com outro, contradizendo pois, qualquer uma das maneiras a que se está acostumado” (ZILBERMAN, 2004, p. 53).

Esta ruptura se expande cada vê mais ao passo que fazemos a leitura da história. Logo na primeira linha encontramos a frase “e viveram felizes para sempre”, normalmente encontrada no fim das narrativas.

Esta é a História meio ao contrário de Ana Maria Machado. Inovadora, contestadora, procurando a cada página abrir os olhos de seus leitores mirins para a realidade de um Brasil que vivia um sistema político ditatório, portanto, autoritário e fechado a liberdade de expressão. Devemos lembrar que essas crianças seriam futuros cidadãos brasileiros. Além disso, o livro circularia em suas casas, onde os pais também poderiam lê-los, passando, dessa forma, de mão em mão uma ideologia mais libertária “estimulando a busca de uma existência independente, do ponto de vista pessoal, e o desagrado perante o sistema político autoritário e distanciado da população” (ZILBERMAN, 2004, p.54).

Embora Ana Maria Machado tenha escolhido um cenário muito próximo dos contos de fadas, um ambiente feudal com direito a rei, princesas, dragões e outros personagens comuns a literatura infantil dos séculos XVIII e XIX, ela rompe com a forma e o conteúdo escolhidos por autores como Perrault e os irmãos Grimm.

O narrador, normalmente neutro nos contos infantis, aqui aparece intruso; conversa com seu leitor – “Eles explicaram. Eu não vou explicar aqui tudo de novo, porque todos nós já sabemos” (p. 28) –  tornando a leitura e o narrador mais próximos do interlocutor.

Mas as maiores marcas de mobilização em busca de um futuro melhor estão na personalidade dos personagens.

O rei, autoridade máxima do reino, é alienado, ignorante e desconhecedor das necessidades do seu povo, da mesma forma que os políticos ditadores brasileiros.

Contra os desmandos que iriam prejudicar as suas vidas, os súditos, povo trabalhador, se une, procura o sábio gigante e consegue, por meio de sua inteligência e união, enfrentar o rei e fazê-lo desistir de uma atitude tão errada e injusta.

Neste círculo se encontra a camponesa, mulher guerreira e inteligente, que mesmo sendo uma pessoa simples consegue conquistar o príncipe prometido à princesa. Esta, por sua vez, invés de casar com o seu prometido, prefere enfrentar o pai e viajar pelo mundo, vivenciando experiências não possíveis naquele lugar.

Como nos lembra Zilberman, a contestação está presente em vários pontos da história: “ao denunciar o alheamento dos responsáveis do poder, que ignoram o que se passa fora do castelo, seja o ritmo da natureza, seja as necessidades da população; e ao sugerir às pessoas, mesmo muito jovens, como os leitores de História Meio ao Contrário, seguirem o que manda o coração ou a inteligência, não, porém, obrigações ou mandados de fora” (2004, p. 53-54).

Esta é a literatura infantil brasileira pós anos 70 que busca levar seus leitores à reflexão e a luta por seus direitos, unindo duas funções da literatura: a estética e a instrumental/utilitária.
 

REFERÊNCIAS

ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, p. 52-55.

PONDÉ, Glória. A arte de fazer artes: como escrever histórias para crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985, p. 91-116.


Grupo 6: Autores Consagrados da Literatura Infanto-Juvenil

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Companhia dos Lobos


  E então o caçador abriu a barriga do lobo enquanto ele dormia, e salvou Chapéuzinho e sua avó. Como seria, porém, se Chapéuzinho não quisesse ser salva? Como seria se Chapéuzinho se demorasse de propósito, para perder para o lobo?
  Uma das formas de interpretar a história de Chapéuzinho Vermelho é justamente sob a ótica do amadurecimento sexual - e é por esse viés que Neil Jordan, o premiado diretor de filmes como "Entrevista com o Vampiro", fez o filme "A Companhia dos Lobos" (1984), que pode ser entendido como uma releitura do conto de fada.
  Que ninguém se engane: não é uma mera paródia, tampouco uma reprodução infantilizada (ou erotizada) da história. Neil Jordan mistura diversas histórias de lobos, protagonizadas por uma garota de 14 anos - a suposta Chapéuzinho - de maneira que o espectador não sabe se ela está sonhando ou não.
  Nesse universo onírico, em um roteiro não-linear onde sonho se funde com a realidade, os desejos - ou pesadelos - da menina tomam forma. A principal delas: a companhia do lobo.
  Além disso, o filme é recheado de metáforas e simbolismos - vários deles presentes nos contos de fadas. A título de curiosidade, aí vão alguns possíveis significados de elementos que aparecem:


Cabelos: Simbolizam força física, virilidade, sedução, e vaidade("cabeludos por fora"). As virtudes e as propriedades de uma pessoa estão concentradas nos cabelos e nas unhas("cabeludos por dentro"). É um símbolo de instinto, sedução feminina e atração física.

Cogumelos: Representam crescimento rápido. (A vó diz que os cogumelos a farão mal).

Sapo: É considerado um elemento masculino. Exprime a cobiça desenfreada que costuma afogar a pessoa em seu próprio excesso. O sapo quando morre, fica negro e entra em estado de putrefação, enchendo-se de seu próprio veneno.

Coelho: Por causa de sua rápida reprodução, normalmente representa fertilidade e luxúria.

Cobra: Corresponde à base do instinto e da impulsividade natural. Possui conotações sexuais simbolizando a existência de conflitos eróticos quando a imagem aparece em sonhos.

Aranhas: Pode significar uma armadilha próxima ou vaidade, narcisismo. (As aranhas caem na Bíblia)

Arco-íris: Essa imagem, em sonhos, simboliza a proximidade de felizes acontecimentos, resultantes da própria renovação cíclica da vida. (Ciclo menstrual)

Poço: O poço é símbolo do útero feminino, assim como eles são passagens para a Mãe Terra. Frequentemente aparecem em contos de fadas e sonhos como lugares de penetração para o mundo desconhecido do inconsciente, do que está escondido e que no dia-a-dia está inacessível.

Corvo: É o companheiro da morte.

  Outra curiosidade sobre o filme, é o fato de sua inspiração no conto "O Quarto do Barba Azul", de Angela Carter, uma escritora inglesa conhecida por sua literatura pós-feminista e por estudos a respeito de contos de fada - tome-se como exemplo a antologia de contos organizada por ela, "103 contos de Angela Carter".

   Segue abaixo o trailer em inglês.




Uma boa pedida para quem gosta de uma pitada de terror em contos de fadas.
Link no IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0087075/

Grupo 4: Contos de Fadas na Atualidade

A garota da capa vermelha

"Era uma vez uma garota que ia se casar com um ferreiro.
Era uma vez um jovem lenhador que queria fugir com ela.
Era uma vez um Lobo."

  O filme “A garota da capa vermelha” escrito por David Leslie Johnson, baseado em uma ideia de Leonardo Di Caprio e transformado em livro pela escritora Sarah Blakley-Cartwright é uma reinterpretação do conto da Chapeuzinho Vermelho. O enredo da trama é uma história de amor que salta aos olhos e toca o leitor. Mas não é melosa, não dá tempo de ser melosa, já que a narrativa muda e nos traz uma nova informação a cada página; é uma leitura intensa, destinada ao público jovem e de tirar o fôlego.

  Sinopse
  O filme que virou livro ocorre na Idade Média. A protagonista Valerie (Amanda Seyfried) é uma jovem que vive em um vilarejo aterrorizado por um lobisomem. Ela é apaixonada por Peter (Shiloh Fernandes), o lenhador, mas seus pais querem que se case com Henry (Max Irons), um ferreiro rico. Diante da situação, Valerie e Peter planejam fugir. Só que os planos do casal vão por água abaixo quando a irmã mais velha de Valerie é assassinada pelo lobisomem que ronda a região.

Título original: (Red Riding Hood)
Lançamento: 2011 (EUA, Canadá)
Direção: Catherine Hardwicke
Atores: Amanda Seyfried, Shiloh Fernandez, Max Irons, Gary Oldman.
Duração: 100 min
Gênero: Suspense

Cartaz:

 Trailer:



Vale a pena ler e também assistir ao filme!


Grupo 4: Contos de Fadas na Atualidade

domingo, 18 de setembro de 2011

Coisas Que Toda Garota/Garoto Deve Saber

  Entre a infância e a vida adulta existe muito mais do que uma simples "fase". É na adolescência, ou melhor, na pré-adolescência, que muitos meninos e meninas se deparam com novas dúvidas, que nem sempre são fáceis de solucionar através de conversas abertas com a família e/ou amigos.
 
  Muitos de nós tivemos receio de conversar com nossos pais e/ou responsáveis sobre esses "terríveis dilemas" e foi frente a esses fatos que a Editora Melhoramentos junto a seus autores, lançou uma série de livros com dicas sobre saúde, comportamento, relacionamentos, estudos e diversos outros assuntos do mundo jovem.

  Com descontração, ilustrações e bastante humor, os livros "Coisas que toda garota deve saber" e "Coisas que todo garoto deve saber", assim como suas respectivas sequências, estão entre as séries mais procuradas da literatura juvenil, mesmo após anos desde o lançamento da primeira edição.



Grupo 2: Literatura Juvenil

sábado, 17 de setembro de 2011

Mais Respeito, eu Sou Criança - Pedro Bandeira

Prestem atenção no que eu digo,
pois eu não falo por mal:
os adultos que me perdoem,
mas ser criança é legal!

Vocês já esqueceram, eu sei.

Por isso eu vou lhes lembrar:
pra que ver por cima do muro,
se é mais gostoso escalar?
Pra que perder tempo engordando,
se é mais gostoso brincar?
Pra que fazer cara tão séria,
se é mais gostoso sonhar?

Se vocês olham pra gente,
é chão que vêem por trás.
Pra nós, atrás de vocês,
há o céu, há muito, muito mais!

Quando julgarem o que eu faço,
olhem seus próprios narizes:
lá no seu tempo de infância,
será que não foram felizes?

Mas se tudo o que fizeram
já fugiu de sua lembrança,
fiquem sabendo o que eu quero:
mais respeito eu sou criança!

Quem é Pedro Bandeira?
 
  Pedro Bandeira nasceu em Santos no ano de 1942, mora em São Paulo desde 1961, onde o autor fez faculdade, foi ator de teatro, editor, jornalista e publicitário, porém desde 1983 passou a ser somente escritor.

Livro “Mais respeito eu sou criança”:
 
  A poesia colocada acima foi retirada do livro “Mais respeito eu sou criança”, a poesia e o livro possuem o mesmo nome devido ao fato de essa poesia ser a chave de criação do livro, pois para o autor “Fazer poesia é tirar retrato da alma”, ele diz no final do livro que escreveu essa poesia e todas as outras que fazem parte do livro, para dizer melhor o que uma criança sente em relação ao que os adultos pensam dela, o autor levanta os seguintes questionamentos, os quais justificam sua motivação para a publicação da obra: “Todo mundo diz que as crianças devem respeitar os adultos. E os adultos? Não devem respeitar as crianças?”. É a partir desses questionamentos que iremos pautar a nossa análise.
 
  Na poesia apresentada, o tema principal em discussão é porque os adultos tratam as crianças como se eles nunca tivessem tido infância e não soubessem o quanto é bom fazer “traquinagens”, “bagunçar” e etc. Primeiramente a poesia faz uma chamada de atenção para que os adultos se recordem de como eles encaravam a vida quando eram crianças, há um questionamento de se eles não eram felizes, se é por isso que tratam as crianças dessa maneira.
 
  Outra interpretação para a poesia é a de o quanto a vida é mais fácil quando se é criança, pois as crianças fazem e falam as coisas muitas vezes sem pensar nas consequências e em alguns casos se tornam mais felizes por esse fato e também o quanto elas são verdadeiras e conseguem expressar o que pensam e o que sentem.
 
  Muitas vezes quando um adulto repreende uma criança não é porque ele não teve infância e não sabe o quanto isso seja bom e sim porque pensa nas consequências ou se preocupa com o bem estar da criança. O sentimento expresso na poesia é realmente o que as crianças pensam sobre os adultos, porém podemos pensar que muitas crianças tem sua infância desrespeitada, por pais ou responsáveis, a partir disso podemos classificar o conteúdo da poesia como polêmico e importante para o sentimento da criança.
 
  Ao final da poesia pede-se que haja mais respeito com as crianças, esse verso pode ser interpretado como um desejo que vai além do eu-lírico, que chega até o autor da poesia, pois ao final do livro no espaço “Recadinho do autor” ele diz: “E toda vez que um assunto é sério mesmo, o jeito é pensar nele através da poesia. Por meio dela, a gente consegue dizer melhor o que sente, o que sonha e o que nos incomoda.”

REFERÊNCIA
 
Bandeira, Pedro. Mais respeito, eu sou criança. 2º Ed. São Paulo: Moderna, 2002.

  O vídeo a seguir é do próprio autor declamando a poesia, é um ótimo vídeo, pois o autor no momento em que está declamando a poesia passa para quem está assistindo como se fosse realmente uma criança dizendo aquelas palavras, ou seja, ele consegue incorporar os sentimentos de uma criança, consegue ali naquele momento encenar como se fosse uma criança.



Grupo 3: Poesia Infantil

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nova Literatura Infantil Brasileira

  No fim dos anos 60, artistas, críticos literários e editores começaram uma renovação na literatura infantil e juvenil brasileira. Esse movimento foi um marco transformador da maneira de se escrever para jovens.
 
  O vídeo a seguir faz parte do projeto "Memórias da Literatura Infantil e Juvenil", desenvolvido pelo Museu da Pessoa. Nesse projeto, escritores, ilustradores, críticos literários e editores contam algumas histórias de suas vidas. Este vídeo, em especial, traz o depoimento  da crítica literária Laura Sandroni sobre o início da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) - entidade pioneira no Brasil no estudo e promoção dos livros para crianças e jovens. Apresenta ainda o depoimento de Nelly Novaes Coelho - ensaísta, crítica literária e professora -  que conta como se interessou pela literatura infantil. E por fim, mostra como as editores aumentaram sua produção e começaram a lançar no mercado novos autores, através do depoimento de Maristela Petrilli, coordenadora da Editora Moderna.

Confira o vídeo abaixo:
 


Fonte Original: www.youtube.com/watch?v=tjhjM1W084Q


Grupo 4: Contos de Fadas na Atualidade

Ana Maria Machado - Parte I

          Ana Maria Machado, carioca de Santa Tereza, nasceu às vésperas do natal, em 24 de dezembro de 1941.
 
Iniciou sua carreira profissional como pintora, mas, formada em Letras Neolatinas em 1964, optou por seguir a carreira docente, dando aulas no Brasil e no exterior. Paralelo a isso, trabalhou como jornalista em o Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo, além de algumas revistas, como a Veja e a Isto é. Desde 24 de abril de 2003, ocupa a cadeira número 01 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo Evandro Lins e Silva.
 
Durante a ditadura, foi presa pelo governo militar e exilada na Europa, onde, em Paris, fez doutorado em Linguística e Semiótica sob orientação de Roland Barthes. Voltou ao seu país de origem em 1972 e, em 1977, ganhou o prêmio João de Barro pelo livro História meio ao contrárioApós dois anos, abriu uma livraria especialmente para crianças, a Malasarte.
 
Nos primeiros anos do século XXI, Ana Maria Machada recebe dois grandes prêmio, consagrando-a, também, em cenário mundial. No ano de 2000, conquistou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel da literatura infantil mundial. Em 2001, ganhou o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
 
Além dos livros dedicados às crianças, Ana Maria Machado também escreveu livros para adultos como Tropical sol da liberdade, Aos quatro ventos e Canteiros de saturno. Dentre os infantis e juvenis estão: História meio ao contrário; Camilão, o comilão; Dorotéia a centopéia; Dia de chuva; Era uma vez três; Menina bonita do laço de fita; A velhinha maluquete; dentre mais de 70 livros escritos para este público. Quer saber um pouco mais sobre a autora? Entre no site: www.anamariamachado.com

Algo Mais

Ana Maria Machado fala sobre sua infância e as histórias infantis contadas pela avó: www.youtube.com/watch?v=zuofCcFUIro

Entrevista sobre seu primeiro livro de poesias “Sinais do mar”:

Livro “Menina bonita do laço de fita”

Livro “Camilão, o comilão”:

REFERÊNCIAS
 

Grupo 6: Autores Consagrados da Literatura Infanto-Juvenil

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Jabuti 2011: Contos Assombrados e Outras Hist. para Boi Dormir



 
    O Prêmio Jabuti é uma das, se não a maior premiação literária brasileira. Acontece todos os anos desde 1959, e premia os melhores livros brasileiros dentro das seguintes categorias: melhor romance; melhor livro infantil e melhor conto. 

  A vencedora da categoria melhor livro infantil desse ano (2011) foi a jornalista, escritora e comentarista de economia Miriam Leitão. Ela alem do livro premiado escreveu um livro sobre a economia brasileira intitulado “Saga Brasileira – A Longa Luta de Um Povo por Sua Moeda”, onde explica de diferentes olhares os problemas econômicos em nosso pais. Baseada em suas experiencias como comentarista e jornalista escreveu o livro infantil, como a própria autora disse: 
  “Me baseei nos comentários que faço nas Organizações Globo, diariamente, para escrever os contos. Como os adultos costumavam dormir enquanto eu falava, achei que era um bom indício de que as crianças iriam adorar ler antes de dormir… Deu certo!”

  O livro pode ser encontrado em várias livrarias do país.

Grupo 5: Obras Premiadas

domingo, 11 de setembro de 2011

Querido Diário... Otário!

    A série "Querido Diário Otário" do escritor e ilustrador estadunidense Jim Benton descreve a vida da menina Jamie Kelly com suas aventuras na escola e situações da vida, desde a mãe que não sabe cozinhar, seu cachorro Fedido até sua "quedinha" pelo oitavo garoto bonito da escola. No total, são doze livros escritos em formato de diário pessoal, que aqui no Brasil, foram publicados pela Editora Fundamento, conhecida por seus inúmeros títulos voltados para o público jovem.


Grupo 2: Literatura Juvenil

Artigo de Daniel Munduruku

O artigo "Literatura indígena: o tênue fio entre escrita e oralidade", de Daniel Munduruku, destaca a importância da escrita e da literatura indígena para os povos indígenas. A literatura, para esses povos, serve como instrumento de salvar as culturas, crenças e mitos de seus ancestrais. Destaca também, a dificuldade vivenciada pelos nativos com os invasores da floresta e com o final triste que a sociedade capitalista propõe para eles. Portanto, segundo Munduruku, os nativos abandonam a floresta para viverem sem-teto, sem-história e sem-humanidade.
Para quem tiver curiosidade de ler, publicado na revista Mundo Jovem, da PUC/RS, é só acessar o  link: http://www.mundojovem.com.br/datas-comemorativas/semana-dos-povos-indigenas/literatura-indigena-o-tenue-fio-entre-escrita-e-oralidade?dt=1
 
Boa Leitura a todos!


Grupo 1: Literatura Infantil Indígena

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Casa - Vinícius de Moraes


Era uma casa
muito engraçada                                            
Não tinha teto,
não tinha nada                            
Ninguém podia
entrar nela, não                         
Porque na casa
não tinha chão                           
Ninguém podia
dormir na rede                           
Porque na casa
não tinha parede                        
Ninguém podia
fazer pipi                                   
Porque penico 
não tinha ali                              
Mas era feita
com muito esmero                       
Na rua dos bobos
número zero.                              



Sobre o autor: 

Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro, foi dramaturgo, poeta, diplomata, jornalista e compositor. Se tornou conhecido por suas músicas: "garota de Ipanema" e o "poetinha". Já na poesia foi eternizado com o poema "soneto de fidelidade":

"Que não seja imortal, posto que é chama  
mas que seja infinito enquanto dure."
 
O poema "A casa" foi adaptado para a música e, desde então, os leitores deixaram de reconhecê-lo como poema e passaram a recordar mais como música. 
 
Esse poema descreve a casa e, ao mesmo tempo, desconstroi sua imagem, dessa forma, o leitor passa a refletir sobre a existência desse referente no mundo. Essa característica imagética é ainda mais acentuada nas possibilidades de interpretação dos versos de 4 sílabas:

1- E - ra u - ma - CA (sa)

2- e - RA U - ma - CA (sa)

1- MUI - to en - gra - ÇA (da)

2- mui - TO EN - gra - ÇA (da)

Essa dupla possibilidade de leitura dos versos mostra uma tensão rítmica relacionada com o sentido: É ou não uma casa? E ainda: "engraçada" é a que faz rir?  

Confira o vídeo que ilustra a poesia:

 

Grupo 3: Poesia Infantil

domingo, 4 de setembro de 2011

Dois Poemas de Bilac para estudo

A BONECA

Deixando a bola e a peteca
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.

E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...


A BORBOLETA

Trazendo uma borboleta,
Volta Alfredo para casa.
Como é linda! É toda preta,
Com listas douradas na asa.

Tonta, nas mãos da criança,
Batendo as asas, num susto,
Quer fugir, porfia, cansa,
E treme, e respira a custo.

Contente, o menino grita:
“É a primeira que apanho,
“Mamãe vê como é bonita!
“Que cores e que tamanho!

“Como voava no mato!
"Vou sem demora pregá-la
“Por baixo do meu retrato,
“Numa parede da sala”.

Mas a mamãe, com carinho,
Lhe diz: “Que mal te fazia,
"Meu filho, esse animalzinho,
“Que livre e alegre vivia?"

“Solta essa pobre coitada!
“Larga-lhe as asas, Alfredo!
“Vê como treme assustada…
“Vê como treme de medo…

“Para sem pena espetá-la
“Numa parede, menino,
“É necessário matá-la:
“Queres ser um assassino?”

Pensa Alfredo… E, de repente,
Solta a borboleta… E ela
Abre as asas livremente,
E foge pela janela.

“Assim, meu filho! Perdeste
“A borboleta dourada,
“Porém na estima cresceste
“De tua mãe adorada…

“Que cada um cumpra a sorte
“Das mãos de Deus recebida:
“Pois só pode dar a Morte
“Aquele que dá a Vida.”


Reflexão

Considerando os poemas acima, reflita sobre a poesia infantil de Olavo Bilac quanto aos seguintes aspectos:

a) Há preocupação com a forma estética dos poemas?
b) Quais os temas tratados?
c) Como se apresenta a relação entre emissor e destinatário do discurso?
d) Com base nas respostas anteriores, segundo Perrotti*, explique se predomina, nos poemas analisados, o discurso estético, instrumental ou utilitário?

_____________
*PERROTTI, E. O texto sedutor na literatura infantil. São Paulo: Ícone. 1986.

Prof. Marciano Lopes