quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Surgimento da poesia infantil no Brasil

 



Com o surgimento da imprensa no Brasil, fato ocorrido com a vinda da família real, deu-se a impressão dos primeiros livros destinados às crianças e a criação da Biblioteca Nacional; o primeiro livro publicado tem por título As aventuras do barão de Münchausen e Leitura para meninos, do Senador José Saturnino da Costa Pereira. Por meio de histórias de cunho moral, o livro trazia ensinamentos sobre geografia, cronologia, história de Portugal e história Natural.
 
A poesia na época do império tinha um caráter essencialmente moral e como característica um adultocêntrismo na voz temática poética.
 
 Podemos citar aqui o soneto Amada Filha de Alvarenga Peixoto, escrito para filha Maria Ifigênia e o poema Conselhos a meus Filhos de Bárbara Heliodora, os quais possuem a característica que será predominante nas poesias infantis brasileiras até a primeira metade do século XX: a voz poética de um adulto dirigida a um leitor infantil, sempre com o objetivo de valor moral. Destacamos também o poeta Casimiro de Abreu, que ganhou uma publicação atual do poema Meus oito anos datado de 1859.


A poesia infantil, no Brasil, surge em consonância com a escola, as temáticas abordadas eram ditadas pelo governo com o objetivo de significar o ensino do Português e sensibilizar as crianças quanto ao trabalho e valores morais da época.
 
Foi na década de 60 que a poesia infantil, através das poesias  de Cecília Meireles, começou a adquirir contornos infantis com questões relacionadas à criança. Cecília trás para a poesia infantil a musicalidade e, muito embora em alguns de seus poemas estejam presentes os elementos linguísticos reforçadores da aprendizagem da língua, desvela o olhar para a ligação entre o ser e as coisas. Seus poemas também não se restringem à leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura. Desta forma, o chamado “universo infantil” passa a ter uma voz lírica, um contorno próprio para as crianças - e, com isso, os ensinamentos moral e cívico dão lugar ao sentimento de criança, ao inusitado e ao lúdico representado por sons e imagens.

A década de 60 foi um período de fortes mudanças no que tange à política do país e, consequentemente, a escola passa também por transformações, entre elas, surge a obrigatoriedade de inclusão de textos literários para o ensino de Língua portuguesa nas escolas. Em consequência ou aproveitando-sse da oportunidade, eis que surge uma literatura distinta, ou seja, uma literatura infantil destinada especificadamente às crianças. Como resultado desta obrigatoriedade, surge também um grande questionamento: a que área pertence a poesia infantil, à Literatura ou à Pedagogia? Parece-nos adequado classificá-la nas duas categorias, uma vez que cumpre o papel de desenvolvimento segundo parâmetros educacionais e pessoais, adquiridos por meio da exploração de sentidos e do exercício da imaginação, pautados pelo destaque do belo.
 
Para encerrar este post, é importante citar nomes como Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Manoel de Barros, Maria Dinorah, uma vez que, contribuíram com o cenário da poesia infantil brasileira, utilizando-se de linguagem adequada e voltada às especificidades da criança, proporcionando-lhes a possibilidade de imaginação.

Acesse o poema Conselho a meus filhos e outros da época em:
 

"Os poetas que escrevem para as crianças não precisam necessariamente ter o objetivo de educá-las ou de proporcionarem a elas juízos de valores para a construção de sua personalidade e de seu caráter, mas entendemos que é possível, por meio da poesia infantil, potencializar na criança, além de sua capacidade de brincar, de imaginar, de fantasiar, de sonhar, também, a sua necessidade de agir e descobrir na sua própria ação o sentido da vida." (MARQUES, 2010)

Referência
 

MARQUES, José Luiz. A poesia infantil na escola. 
http://www.pedagogia.com.br/artigos/poesiainfantil/index.php?pagina=0 - acesso em 21/09/2012


 GT1 -  Poesia Infantil

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