Os contos
de fadas folclóricos - que eram orais - foram adaptados com o passar do tempo à classe emergente, a burguesia, sendo depurados de seus elementos inadequados às educação infantil, uma vez que, originalmente, não eram voltados à infância, apresentando por vezes dose elevada de violência e ou erotismo.
Por terem o objetivo de educar as crianças, os contos de fadas artísticos (às vezes chamados de tradicionais), tiveram uma função utilitária, apresentando um discurso identificável com os interesses pedagógicos e
familiares. Geralmente, os maus acabam punidos e os bons recompensados, porém,
há as histórias em que os bons acabam morrendo de maneira violenta. Estes são os
contos de susto ou admoestação, feitos com o objetivo de alertar sobre um perigo
ou impedir certas ações. Dentre essas histórias, está a história de Chapeuzinho
Vermelho.
As versões
mais conhecidas de Chapeuzinho Vermelho são as de Perrault e dos irmãos Grimm,
apresentando, ambas, um forte caráter educativo., pois a ação narrada exemplifica os terríveis males que podem acontecer a uma criança desobediente, servindo, portanto, de admoestação. Para tanto, utiliza uma pedagogia do medo, o que não contribui ao desenvolvimento de um caráter autônomo e autoconfiante. A narração é
pautada pela relação de poder e saber do adulto sobre a criança representada como ingênua e
ignorante. No entanto, na famosa versão de Chico Buarque – intitulada Chapeuzinho Amarelo – há um rompimento
com esta atitude. Não se abandona a função utilitária do texto infantil, mas
se muda o foco da mesma, que deixa de ser autoritária, de admoestação, e passa
a apresentar-se como libertária na medida em que valoriza a reflexão, a autocrítica
e a autonomia da criança.
Ao invés do medo, Chico Buarque utiliza o o humor como recurso pedagógico e literário de tal modo que, na sua versão paródica de Chapeuzinho vermelho, se desestabilizam completamente os sentidos da versão tradicional. O discurso libertário - ou emancipador - substitui o autoritário;
a imagem do medo cede lugar ao não-medo, pois, através do riso, o Lobo se transforma de
amedrontador em amedrontado e a menina de Chapeuzinho com medo (por isso sua cor amarela) em Chapeuzinho sem
medo. O Lobo tenta amedrontar a menina,
porém,não há sucesso em sua empreitada; desanimado acaba virando um bolo.
Outro aspecto inovador, característico da literatura infantil brasileira após 1970, é o fato de a narrativa
brincar com as palavras, o que evidencia uma valorização da linguagem e, por conseguinte, do estético. A valorização da estrutura lúdica ocorre especialmente no resultado da repetição insistente da palavra "lobo", que acaba resultando - por uma inversão da ordem das sílabas que a compõem - na palavra "bolo". Imagem que simbolicamente representa a mudança de status do lobo: de o predador virou presa, pois deixou de ser aquele que pode comer para se transformar no que pode ser comido.
Por fim, é muito importante observar que não
há na história a presença da mãe, de maneira que não há desobediência por parte
da menina e, consequentemente, castigo. A menina percebe que seus medos são
construídos por ela mesma e que somente existem até o momento em que são
enfrentados.
A
história Chapeuzinho amarelo feita por Chico Buarque propõe uma mudança no
comportamento socialmente desejado para a criança. Poderíamos afirmar que sua
paródia às versões tradicionais constitui uma adaptação à atualidade na medida
em que incorpora uma nova identidade infantil assim como uma nova postura
educacional.
As
diferenças analisadas nas duas versões marcam a diferença de sentido que
adquire, assim como, a diferença de objetivo que se deseja alcançar, daí a
importância da apresentação de ambas as histórias à criança para que possa
perceber a diferença entre elas e, desta forma, desenvolver seu pensamento
critico.
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Confira a seguir comparando as histórias mencionadas, e boa reflexão!
E não deixe de assistir ao vídeo de Chapeuzinho amarelo, do grande Chico Buarque:
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Confira a seguir comparando as histórias mencionadas, e boa reflexão!
E não deixe de assistir ao vídeo de Chapeuzinho amarelo, do grande Chico Buarque:
Referências:
http://173.203.31.59/Userfiles/P0001/File/Chapeuzinho%20Vermelho%20-%20Charles%20Perrault.pdf
Chapeuzinho Vermelho - versão dos irmãos Grimm:
Chapeuzinho Vermelho - versão dos irmãos Grimm:
http://173.203.31.59/Userfiles/P0001/File/Chapeuzinho%20Vermelho%20-%20Irm%C3%A3os%20Grimm.pdf
Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque - paródia às versões anteriores:
http://encantamentosdaliteratura.blogspot.com.br/2010/04/releitura-chapeuzinho-amarelo-chico.html
Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque - paródia às versões anteriores:
http://encantamentosdaliteratura.blogspot.com.br/2010/04/releitura-chapeuzinho-amarelo-chico.html
GT 1 - Contos de fadas e narrativas orais (mitos e lendas)
Não conhecia Chapeuzinho Amarelo, mas procurando um tema para a festa da minha filha, acabei encontrando. Gostei da análise que fizeram e se tivesse que escolher, optaria pelo amarelo e não pelo vermelho. Mais importante do que ficarmos avisando sobre um possível perigo, é fazê-los enxergar e entender porque isso é um perigo. Porém acho válido que as mães sempre ajudem seus filhos a entender o que estão lendo, pois esse livro poderia tirar um "medo" da criança que às vezes é necessário, por exemplo, de cachorro. Imagina se ela de repente, inventa de tentar fazer um cachorro virar bolo? Ajudá-los a ser críticos é um objetivo que tem de existir!
ResponderExcluirCHAPEUZINHO VERMELHO * CHAPEUZINHO AMARELO DUAS HISTORIAS MUITO LEGAL MESMO MAIS MELHOR QUE EU AMEI QUE TEM VARIOS ACONTECIMENTO MAIS INCETIVANTE E VARIAS PALAVRAS RIMANDO E MUITO LEGAL
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