A
postagem de hoje tem por objetivo apresentar e analisar, ainda que de maneira
sutil, algumas adaptações para o cinema do conto A Branca de Neve, dos
irmãos Grimm, aproveitando o tema da postagem Público, público meu... Branca de Neve de volta às telas!.
Para esse propósito,
colocaremos nosso enfoque sobre dois filmes, nos quais avaliaremos a representação
da personagem Branca de neve, o cenário em que se passa a história e o público
ao qual se destina cada um dos filmes. São eles: “Branca de neve e os Sete
Anões” e “Branca de Neve e o Caçador”.
Relação
entre literatura e a arte cinematográfica
Os contos de fadas têm lugar
importante na sociedade, uma vez que, são histórias de cunho moral e influência
de contexto cultural desde seu surgimento. Mas, essa literatura foi se
transformando com o passar dos tempos. Antigamente, eram histórias populares
transmitidas oralmente e não eram destinadas ao público infantil, por tratar de
assuntos geralmente ligados a sexo e canibalismo. Depois, Perrault e os irmãos
Grimm deram novos “ares” a essas histórias, além de passá-las para a escrita,
também modificaram seu conteúdo trazendo-as para o mundo infantil.
Mas, no mundo de hoje essas mudanças
ainda acontecem devido à velocidade com que a sociedade se moderniza e, tal
como ela é necessita de novos olhares e, a partir daí, outras artes se dedicam
a reproduzir os clássicos, como por exemplo, o cinema. E ele contribuiu muito
com a disseminação dessa literatura, pois, “ampliou e permitiu o acesso das
classes menos privilegiadas a uma arte de natureza mais popular” (FILETTI).
A seguir, apresentaremos as inovações
do conto “Branca de Neve”.
A heroicização de Branca de Neve: de
princesa dócil à guerreira invencível
Em 1937, a Walt Disney, a partir do
conto dos irmãos Grimm, lançou o primeiro longa-metragem animado chamado
“Branca de Neve e os Sete Anões”. Nesse filme, a personagem Branca de Neve foi
representada de forma meiga, e houve a exploração dos valores de bondade e de
beleza. Observamos, nesse filme, a presença de algumas características muito
próprias ao entretenimento infantil como: um cenário colorido, músicas
envolventes e um final feliz (em que a princesa é salva a partir da piedade do
caçador e termina ao lado do príncipe encantado).
Uma versão inovadora, com ação e
aventura, que explora o cenário da Idade Média foi lançada pela indústria
cinematográfica (Fox Film), em 2012: “Branca de Neve e o caçador”.
Este filme
(direção de Rupert Sanders) enquadra-se em uma aventura voltada para um público
juvenil e adulto, pois, diferentemente dos modelos de filmes infantis
tradicionais, os quais apresentam ao longo da história cenários bonitos,
“encantados” e enfeitados, possui em geral um clima sombrio e ares misteriosos, fugindo, neste ponto, da
fábula original. Apesar de possuir os elementos principais presentes na versão
tradicional, tais como uma princesa de beleza radiante, a bruxa malvada, a maçã
envenenada, os sete anões e o príncipe etc., possui também um tom sério e
épico, com armaduras, flechas em chamas, figurinos ousados, batalhas, etc., que
sobressaem às versões tradicionais voltadas ao público infantil.
Com respeito às
diferenças entre o filme Branca de Neve e o Caçador e as versões
infantis decorrentes do processo de intensificação dos elementos épicos, é
interessante observar que os nomes originais dos sete anões (que enfatizavam
traços de suas personalidades, tais com "Chorão, "Zangado"
etc.), são trocados por outros inspirados em imperadores romanos.
Ainda com respeito à caracterização
dos personagens, percebemos nesta versão moderna de “A branca de neve” que o
príncipe, personagem importante em um conto de fadas, fica meio esquecido,
tornando-se quase um personagem secundário da trama central. Embora ainda
ligado à princesa e lutando na defesa da mesma contra as maldades da madrasta,
ele não ocupa exclusivamente o papel de herói da história, pois o foco é
voltado à mulher, que é apresentada com espírito e valentia de guerreira ao
invés de ser caracterizada com a emoção e a delicadeza de uma princesa. Esta
mudança, além de tornar o gênero mais atraente para o público atual, ávido por
muita ação guerreira com feitos grandiosos e fantásticos, também incorpora os
novos valores feministas com respeito à identidade e ao papel social da mulher
no mundo contemporâneo. Com isto, o “final feliz” deixa de valorizar
predominantemente a instituição do casamento, propondo como ideal feminino sua
autonomia frente e, por conseguinte, a incorporação de um novo ethos, em que a delicadeza e a
fragilidade femininas passam a ser acompanhadas pela força e pela coragem,
antes atributos predominantemente masculinos.
O filme
traz um elenco famoso, mostra uma versão mais aventureira, se comparada à
fábula original, e enfatiza os valores de justiça, respeito e igualdade. Além
de mostrar uma revolução que transcende a ideia de que a vida de uma mulher
chega ao ápice com o casamento. Por isso, podemos considerar “Branca de Neve
e o Caçador” uma versão bem distante da história que encantou gerações e
gerações de crianças. A nova versão encantará
jovens e adultos agora?
Confira
mais informações no site Oficial do Filme Branca de Neve e o Caçador: http://www.brancadeneveeocacador.com.br/
REFERÊNCIAS:
FILETTI, Elisandra.Um olhar interminável sobre
a Literatura e o Cinema, 2012. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/setembro2012/portugues_artigos/olharcinema.pdf
http://rollingstone.com.br/noticia/tradicional-historia-da-branca-de-neve-ganha-tom-serio-e-epico-em-ibranca-de-neve-e-o
cacadori/http://www.marioedianacorso.com/category/diana/cinema-e-tv-diana
Gt 5: Contos de Fadas na Atualidade
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