domingo, 9 de setembro de 2012

Da tradição à inovação: a nova "Branca de Neve” no filme “Branca de Neve e o Caçador”

A postagem de hoje tem por objetivo apresentar e analisar, ainda que de maneira sutil, algumas adaptações para o cinema do conto A Branca de Neve, dos irmãos Grimm, aproveitando o tema da postagem Público, público meu... Branca de Neve de volta às telas!.

Para esse propósito, colocaremos nosso enfoque sobre dois filmes, nos quais avaliaremos a representação da personagem Branca de neve, o cenário em que se passa a história e o público ao qual se destina cada um dos filmes. São eles: “Branca de neve e os Sete Anões” e “Branca de Neve e o Caçador”.

Relação entre literatura e a arte cinematográfica

Os contos de fadas têm lugar importante na sociedade, uma vez que, são histórias de cunho moral e influência de contexto cultural desde seu surgimento. Mas, essa literatura foi se transformando com o passar dos tempos. Antigamente, eram histórias populares transmitidas oralmente e não eram destinadas ao público infantil, por tratar de assuntos geralmente ligados a sexo e canibalismo. Depois, Perrault e os irmãos Grimm deram novos “ares” a essas histórias, além de passá-las para a escrita, também modificaram seu conteúdo trazendo-as para o mundo infantil.
 
Mas, no mundo de hoje essas mudanças ainda acontecem devido à velocidade com que a sociedade se moderniza e, tal como ela é necessita de novos olhares e, a partir daí, outras artes se dedicam a reproduzir os clássicos, como por exemplo, o cinema. E ele contribuiu muito com a disseminação dessa literatura, pois, “ampliou e permitiu o acesso das classes menos privilegiadas a uma arte de natureza mais popular” (FILETTI).

A seguir, apresentaremos as inovações do conto “Branca de Neve”.


A heroicização de Branca de Neve: de princesa dócil à guerreira invencível

Em 1937, a Walt Disney, a partir do conto dos irmãos Grimm, lançou o primeiro longa-metragem animado chamado “Branca de Neve e os Sete Anões”. Nesse filme, a personagem Branca de Neve foi representada de forma meiga, e houve a exploração dos valores de bondade e de beleza. Observamos, nesse filme, a presença de algumas características muito próprias ao entretenimento infantil como: um cenário colorido, músicas envolventes e um final feliz (em que a princesa é salva a partir da piedade do caçador e termina ao lado do príncipe encantado).

Uma versão inovadora, com ação e aventura, que explora o cenário da Idade Média foi lançada pela indústria cinematográfica (Fox Film), em 2012: “Branca de Neve e o caçador”.

Este filme (direção de Rupert Sanders) enquadra-se em uma aventura voltada para um público juvenil e adulto, pois, diferentemente dos modelos de filmes infantis tradicionais, os quais apresentam ao longo da história cenários bonitos, “encantados” e enfeitados, possui em geral um clima sombrio e ares misteriosos, fugindo, neste ponto, da fábula original. Apesar de possuir os elementos principais presentes na versão tradicional, tais como uma princesa de beleza radiante, a bruxa malvada, a maçã envenenada, os sete anões e o príncipe etc., possui também um tom sério e épico, com armaduras, flechas em chamas, figurinos ousados, batalhas, etc., que sobressaem às versões tradicionais voltadas ao público infantil.

Com respeito às diferenças entre o filme Branca de Neve e o Caçador e as versões infantis decorrentes do processo de intensificação dos elementos épicos, é interessante observar que os nomes originais dos sete anões (que enfatizavam traços de suas personalidades, tais com "Chorão, "Zangado" etc.), são trocados por outros inspirados em imperadores romanos.
Ainda com respeito à caracterização dos personagens, percebemos nesta versão moderna de “A branca de neve” que o príncipe, personagem importante em um conto de fadas, fica meio esquecido, tornando-se quase um personagem secundário da trama central. Embora ainda ligado à princesa e lutando na defesa da mesma contra as maldades da madrasta, ele não ocupa exclusivamente o papel de herói da história, pois o foco é voltado à mulher, que é apresentada com espírito e valentia de guerreira ao invés de ser caracterizada com a emoção e a delicadeza de uma princesa. Esta mudança, além de tornar o gênero mais atraente para o público atual, ávido por muita ação guerreira com feitos grandiosos e fantásticos, também incorpora os novos valores feministas com respeito à identidade e ao papel social da mulher no mundo contemporâneo. Com isto, o “final feliz” deixa de valorizar predominantemente a instituição do casamento, propondo como ideal feminino sua autonomia frente e, por conseguinte, a incorporação de um novo ethos, em que a delicadeza e a fragilidade femininas passam a ser acompanhadas pela força e pela coragem, antes atributos predominantemente masculinos.

O filme traz um elenco famoso, mostra uma versão mais aventureira, se comparada à fábula original, e enfatiza os valores de justiça, respeito e igualdade. Além de mostrar uma revolução que transcende a ideia de que a vida de uma mulher chega ao ápice com o casamento. Por isso, podemos considerar “Branca de Neve e o Caçador” uma versão bem distante da história que encantou gerações e gerações de crianças. A nova versão encantará jovens e adultos agora?


Confira mais informações no site Oficial do Filme Branca de Neve e o Caçador: http://www.brancadeneveeocacador.com.br/


REFERÊNCIAS:

FILETTI, Elisandra.Um olhar interminável sobre a Literatura e o Cinema, 2012. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/setembro2012/portugues_artigos/olharcinema.pdf





Gt 5: Contos de Fadas na Atualidade

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