domingo, 28 de outubro de 2012

Quem tem tudo também tem com que sonhar! ("O príncipe sem sonhos", de Marcio Vassallo)


Thiago era um príncipe que tinha tudo. Ele ganhava de seus pais, além de amor, todas as coisas que um menino pode desejar: tapetes voadores com piloto automático, dragões de estimação, fábrica de chicletes mágicos, súditos que o serviam sem raiva, herança e uma criação de unicórnios. Tantos presentes não o deixavam sonhar, pois o principezinho já tinha tudo que a imaginação pode alcançar e, por isso ele não tinha tempo de desejar coisa alguma.

Ele era o único herdeiro do reino e, mesmo com tudo o que possuía, era um príncipe muito infeliz. O rei e a rainha não sabiam o motivo de tanta tristeza, já que o menino era um príncipe e tinha todas as coisas que poderiam fazê-lo feliz.  

Eles não entendiam que o garoto queria ter um sonho. Então, o príncipe foi pedir um conselho a seu avô, um bruxo aposentado. O velho explicou a Thiago que os sonhos são como as estrelas; mesmo que as nuvens as escondam, elas estão lá. Os sonhos estão adormecidos, dentro das pessoas, esperando para serem despertados.


A atualidade do conto

O conto é atual, pois traz como tema a busca pelos nossos sonhos, mesmo quando achamos que a felicidade está na posse de bens materiais, que não suprem o vazio existencial dos homens. A história também se refere à pouca importância com relação ao “ser”. O autor discute em sua obra a relação entre “ser” e “ter”.
 
Os reis não se preocupam com a formação da personalidade, com a maneira como o príncipe agirá, pensará e sentirá. Eles acreditam que, ao oferecer bens materiais, fazem o príncipe feliz. Porém, isso não acontece. 

O pequeno se sente perdido, pois os presentes não são o suficiente para sua felicidade. Então, como os reis pensam apenas no “ter”, Thiago busca auxílio para sair da alienação proporcionada pelos pais e, para isso, procura o avô, que o ajudará a “ser” e principalmente a “pensar” alguém, conjetura muito enfatizada por Descartes na célebre frase: “Penso, logo existo”.


O avô de Thiago

Ele é fundamental para a história, pois, como idoso, representa a sabedoria. Ao comparar os sonhos com as estrelas, o avô incentiva não só o príncipe, mas também todas as pessoas, principalmente as crianças que leem o conto, a sonhar. Ele mostra que não é o suficiente possuir coisas materiais. O sábio velho mostra que todos precisam ter um objetivo na vida; almejar uma realização pessoal.

O leitor apreende que todos têm o direito de sonhar e fazer escolhas. O avô ensina que ninguém deve se acomodar com o que já tem. Isso não vale especificamente para bens materiais, mas vale principalmente para os valores humanos, porque sempre há lugar para novas ideias, novas conquistas e possibilidades, ainda que muitas delas não pareçam nítidas, pois como diz o avô de Thiago (retomando um provérbio árabe): “Não diga que o céu está sem estrelas só porque às vezes você não as enxerga”.


Afinal, “os melhores sonhos são aqueles que continuam de outro jeito, quando a gente desperta”. (VASSALO, 2001)

Curiosidades:  

Referências

Instituto Pró-Seguir - O Príncipe Sem Sonhos - Márcio Vassalo

VASSALO, M. O Príncipe Sem Sonhos. Brink book: SP, 2001.



GT 5: Contos de Fadas na Atualidade

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