Thiago era um príncipe que tinha tudo. Ele ganhava
de seus pais, além de amor, todas as coisas que um menino pode desejar: tapetes
voadores com piloto automático, dragões de estimação, fábrica de chicletes mágicos,
súditos que o serviam sem raiva, herança e uma criação de unicórnios. Tantos
presentes não o deixavam sonhar, pois o principezinho já tinha tudo que a
imaginação pode alcançar e, por isso ele não tinha tempo de desejar coisa
alguma.
Ele era o único herdeiro do reino e, mesmo com tudo
o que possuía, era um príncipe muito infeliz. O rei e a rainha não sabiam o
motivo de tanta tristeza, já que o menino era um príncipe e tinha todas as
coisas que poderiam fazê-lo feliz.
Eles não entendiam que o garoto queria ter um
sonho. Então, o príncipe foi pedir um conselho a seu avô, um bruxo aposentado. O
velho explicou a Thiago que os sonhos são como as estrelas; mesmo que as nuvens
as escondam, elas estão lá. Os sonhos estão adormecidos, dentro das pessoas, esperando
para serem despertados.
A atualidade do conto
O conto é atual, pois traz como tema a busca pelos
nossos sonhos, mesmo quando achamos que a felicidade está na posse de bens
materiais, que não suprem o vazio existencial dos homens. A história também se
refere à pouca importância com relação ao “ser”. O autor discute em sua obra a
relação entre “ser” e “ter”.
Os reis não se preocupam com a formação da
personalidade, com a maneira como o príncipe agirá, pensará e sentirá. Eles
acreditam que, ao oferecer bens materiais, fazem o príncipe feliz. Porém, isso
não acontece.
O pequeno se sente perdido, pois os presentes não são o
suficiente para sua felicidade. Então, como os reis pensam apenas no “ter”,
Thiago busca auxílio para sair da alienação proporcionada pelos pais e, para
isso, procura o avô, que o ajudará a “ser” e principalmente a “pensar” alguém,
conjetura muito enfatizada por Descartes na célebre frase: “Penso, logo existo”.
O avô de Thiago
Ele é fundamental para a história, pois, como idoso,
representa a sabedoria. Ao comparar os sonhos com as estrelas, o avô incentiva
não só o príncipe, mas também todas as pessoas, principalmente as crianças
que leem o conto, a sonhar. Ele mostra que não é o suficiente possuir coisas
materiais. O sábio velho mostra que todos precisam ter um objetivo na vida;
almejar uma realização pessoal.
O leitor apreende que todos têm o direito de sonhar
e fazer escolhas. O avô ensina que ninguém deve se acomodar com o que já tem.
Isso não vale especificamente para bens materiais, mas vale principalmente para
os valores humanos, porque sempre há lugar para novas ideias, novas conquistas
e possibilidades, ainda que muitas delas não pareçam nítidas, pois como diz o
avô de Thiago (retomando um provérbio árabe):
“Não diga que o céu está sem estrelas só porque às vezes você não as enxerga”.
Afinal, “os melhores sonhos são aqueles que continuam de outro jeito,
quando a gente desperta”. (VASSALO, 2001)
Curiosidades:
Referências
Instituto Pró-Seguir - O Príncipe Sem Sonhos -
Márcio Vassalo
VASSALO, M.
O Príncipe Sem Sonhos. Brink book: SP, 2001.
GT 5: Contos de Fadas na Atualidade
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