O livro
é um conto dividido em 13 capítulos, que parecem quase independentes entre si.
Mas o conflito principal pertinente a cada capítulo é o fato de que as fadinhas
não saem fazendo mágicas que não estejam inscritas no Livro das Fadas, mas a
personagem Clara Luz é uma fada diferente.
Ela é
verdadeira e não se submete às regras e à rainha, autoridade máxima. A fadinha
tenta, e, na maioria das vezes, consegue realizar o que pensa e o que deseja
com a sua varinha mágica. Com uma visão inovadora e criativa, ela não se
sujeita ao autoritarismo da rabugenta Rainha e não se satisfaz em apenas
aprender o que consta no livro das fadas. Clara Luz quer criar mágicas novas e
ter mirabolantes ideias. Ela parece ser uma fada revolucionária e
positiva, pois, além de ser rebelde, ela experimenta o novo e sai do que é
tradicional nos contos do reino das fadas.
Também
há um caráter inovador e atual no conto de fadas. Clara Luz é uma fada que
apresenta uma nova perspectiva sobre o pensar e o agir, através de suas
próprias ideias. Com isso, apresenta, metaforicamente, a opinião de que o mundo
não deve parar e a todo instante deve ser transformado com novas criações, com
um comportamento original e capaz de trazer a revolução ao que já está
pré-estabelecido. Não acha original o fato de algumas fadas terem de
transformar abóboras em carruagens, considerando clichê a missão de desencantar
princesas, por exemplo.
Por
tais razões, é possível afirmar que a obra possui um cunho
contestatório, podendo ser lido como uma denúncia do abuso do poder totalitário
da época. A leitura desse conto mostra ao leitor infanto-juvenil o poder de
transgressão das instituições, ou seja, incentivando-as a não serem
passivas às decisões de um poder autoritário. No entanto,
essa celebração do ideal moderno de liberdade, que nos incentiva a criar e recriar o
mundo ao nosso redor conforme nossos desejos pessoais, volta-se para a constituição de um
sujeito capaz de resistir às várias formas de opressão e injustiça agindo por
si só, individualmente, o que confere a sua proposta de ação social um caráter
bastante individualista.
Veja
vídeo com a animação e leitura do início da história e divulgação da obra:
Referências
RICHER,
D. e MERKEL, J. A função da
fantasia dos contos de fada na educação burguesa.
A fada que tinha ideias -
Apresentação crítica do livro http://www.fnlij.org.br/principal.asp?texto=PNBE&arquivo=/pnbe/texto/a_fada_que_tinha_ideias.htm
GT 5:
Contos de Fadas na Atualidade
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