Monteiro Lobato é um dos
autores consagrados da literatura infantojuvenil brasileira e um dos que mais
contribuíram para ela. Qual adulto ou qual criança nunca ouviu falar do “Sítio
do Picapau Amarelo”, das peripécias da Emília e das aventuras de Pedrinho e
Narizinho? Nessa postagem vamos analisar, especificamente, a ilustração no
livro “A chave do tamanho”, escrita pelo autor, e as várias capas que
representam as suas diferentes edições.
Nas edições dos textos de
Monteiro Lobato, por exemplo, dos anos de 1940 a 1960, percebe-se a presença de
imagens, além do trabalho da capa, que acompanham o desenvolvimento do texto.
Nesse caso, temos ilustrações em preto e branco (com as técnicas de xilogravura,
de gravura em metal ou de litografia) esporádicas ao longo dos livros, mas que
já apontam para a leitura que os ilustradores realizam das obras em questão
(GOMES, 2010, p. 215).
Apesar da importância das
ilustrações nos livros de literatura infantojuvenil, principalmente nas capas,
encontramos uma edição mais antiga do livro “A chave do tamanho” que não
as apresenta, salvo uma pequena imagem da personagem Emília na capa, como
podemos perceber na imagem abaixo:
Também encontramos outras
edições desse livro, mas que já possuem ilustrações em sua capa,
respectivamente, em 1960, 1986 e 2008:
Na edição mais antiga,
sem ilustrações na capa, percebemos, mesmo que pequena, a presença da
personagem Emília. Não observamos, porém, a presença de elementos que chamem a
atenção da criança para a leitura, como exemplo, cores, recursos gráficos,
outros personagens, como se observa nas outras capas. Nas capas de 1960 e 1986,
há um enfoque sobre o personagem Visconde de Sabugosa, que aparece no centro
das duas capas, colorido e de forma expressiva. Já na capa de 2008, o enfoque é
voltado para a Emília, a natureza e outros personagens, sendo uma capa bem mais
atrativa e colorida. Essas diferentes ilustrações podem nos mostrar que com o
passar dos anos, a depender da época, mudam-se os valores e também as
ilustrações.
Análise dos personagens Visconde e Rabicó:
Um contraponto entre 1986 e 2008
Agora analisaremos, especificamente, as ilustrações dos
personagens destacados presentes na edição do livro de Monteiro Lobato em 1986,
comparando-as com ilustrações mais atuais. No ano de 86 as ilustrações foram
produzidas por Manoel Vitor Filho, já no ano de 2008, pela Editora Globo:
(1986) |
(2008) |
Notamos que há uma
diferença gritante em relação as duas ilustrações acima. Na primeira, o
personagem Visconde de Sabugosa é apresentado em preto e branco e com o tamanho real de um sabugo de milho. Em contrapartida, no ano de 2008, esse
personagem é retratado com cores e do tamanho de um adulto.
Em relação ao personagem
Marquês de Rabicó também observamos essas diferenças:
(1986) |
(2008) |
Novamente, percebemos uma
grande transformação na representação desse personagem. Em 1986, o personagem
Rabicó possui aparência do animal porco, era quadrúpede e não usava roupas. No
entanto, no ano de 2008, o personagem passa a apresentar características
humanas, como o uso de roupas, na forma de andar e também na sua aparência. Dessa forma, nas palavras
de Camargo:
“Se entendemos que a
ilustração é uma imagem que acompanha um texto e não seu substituto; e se
entendemos que a relação entre ilustração e texto não é de paráfrase ou
tradução, mas de coerência, então abre-se para o ilustrador um amplo leque de
possibilidades de convergência com o texto, convergência esta que não limita a
exploração de linguagem visual, mas, ao contrário, pode incentivá-la (CAMARGO apud
GOMES, 2010, p.218).”
Podemos então concluir que os ilustradores estão sempre buscando aperfeiçoar sua forma de representar
por meio da imagem os sentidos do texto. Um mesmo texto pode ser ilustrado de
diferentes formas, influenciado pela época, pelos valores, pela cultura,
mostrando que ilustração e sociedade estão sempre relacionadas.
Referências:
GOMES, M. Lendo imagens: ilustrações das obras
de Monteiro Lobato. Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade de Passo Fundo. Passo
Fundo, v. 6, n. 2, p. 215-226. Jul./dez. 2010
LOBATO, M. A chave do tamanho. 29. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.
Grupo
06 - Ilustração do livro infantojuvenil
Gostaria de saber se existe um fundo de verdade sobre o fato de que a pintora Anita Malfatti, tão criticada por Monteiro Lobato em 1917 realmente ilustrou algumas obras desse autor e quais obras foram essas e além disso se é possível encontrá-las na web. Pergunto isso para complementar um trabalho e ficaria bastante agradecido com sua resposta.
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