“Emília no país da gramática”, obra escrita por Monteiro Lobato, é leitura obrigatória - mesmo classificada como infanto-juvenil - para quem estuda e trabalha com ensino da língua portuguesa, pois discute um assunto atual e polêmico: Língua x Fala, ou seja, Português da Gramática Normativa x Português Falado.
— As pessoas cultas aprendem com professores e, como aprendem, repetem certo as palavras. Mas os incultos aprendem o pouco que sabem com outros incultos, e só aprendem mais ou menos, de modo que não só repetem os erros aprendidos como perpetram erros novos, que por sua vez passam a ser repetidos adiante. Por fim há tanta gente a cometer o mesmo erro que o erro vira Uso e, portanto, deixa de ser erro. O que nós hoje chamamos certo, já foi erro em outros tempos. (p. 72)
— A língua é uma criação popular na qual ninguém manda. Quem a orienta é o uso e só ele. E o uso irá dando cabo de todos esses acentos inúteis. Note que os jornais já os mandaram às favas, e muitos escritores continuam a escrever sem acentos, isto é, só usam os antigos e só nos casos em que a clareza os exige. (p. 135)
Há certos gramáticos que querem fazer a língua parar num certo ponto, e acham que é erro dizermos de modo diferente do que diziam os clássicos.
Nesse livro, o leitor desfrutará de um interessante enredo, no qual Emília e seus amigos são levados por um rinoceronte e excelente gramático - chamado Quindim - ao país da gramática: um lugar fantástico, o mundo das línguas e suas respectivas gramáticas.
Grande número de palavras moviam-se com muita ordem, andando de cá para lá e de lá para cá, exatinho como gente numa cidade comum.
Monteiro Lobato de forma genial, durante a narrativa, revela que o poder econômico também influencia a cultura (língua, costumes e comportamentos).
O Nome Europa era o mais empavesado de todos: louro, e dum orgulho infinito. Passou rente ao Nome América e torceu o nariz. Também o Nome Alemanha era emproadíssimo, embora andasse com uma cruz de ponto falso no nariz. (p. 22)
Aborda assuntos históricos e de extrema importância, como a evolução do latim que gerou outras línguas.
— Então a língua portuguesa não passa dum dialeto do latim?
Usa de analogias e metáforas para explicar ao leitor certos conceitos da língua, de maneira que a leitura se torna interessante, divertida e didática:
— Há os Nomes Simples, como a maior parte dos que circulam por aqui, e há os Nomes Compostos, como aqueles que ali vão. Estes Nomes Compostos formam-se de dois Nomes Simples, encangados que nem bois. Ia passando o Nome Guarda-Chuva, de braço dado com o Nome Couve-Flor. (p. 23)
— Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?
E coloca em discussão, numa visão objetiva e crítica, certas regras e classificações da língua.
— Os Nomes Concretos são os que marcam coisas ou criaturas que existem mesmo de verdade, como Homem, Nastácia, Tatu, Cebola. E os Nomes Abstratos são os que marcam coisas que a gente quer que existam, ou imagina que existem, como Bondade, Lealdade, Justiça, Amor.
Todas as citações foram retiradas do livro em questão. Esses trechos são alguns exemplos de como o livro tem assuntos abundantes e pertinentes para o entendimento da língua portuguesa, cuja intenção não é apenas instruir, mas também colaborar no discernimento, de maneira lúdica, dos vários conceitos de nosso idioma.
Download da obra Emília no País da Gramática disponível em:
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Luiz Costa Jr. A gramática de Emília. Revista Língua Portuguesa, São Paulo: Segmento disponível em: http://migre.me/5Xhff.
SOUZA, Rita Rodrigues de. Emília no país da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas. Disponível em: http://migre.me/5XhfM.
Grupo 6: Autores Consagrados da Literatura Infanto-Juvenil
Boa postagem, porém é preciso arrumar as fontes, usar a mesma para todo o texto ou uma para o texto principal e outra menor para as citações. Ainda: a fonte das referências e links está muito pequena é preciso aumentá-la. [Marciano Lopes]
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