Nossas
crianças são presenteadas com várias personagens indígenas desde os primeiros
anos de vida. As histórias em que o índio é representado acompanham também a
faixa juvenil chegando aos leitores adultos. A gama de publicações é imensa e, para
cada público específico, mais lançamentos aparecem a cada ano.
Para a
grande maioria da população, causa surpresa o fato de escritores consagrados
que, não sendo índios, têm em sua biografia romances com essa temática e
voltados para o público infantil.
Um exemplo é o livro “As aventuras de
Tibicuera” de Érico Veríssimo, em que a personagem narra sua trajetória através
de fatos históricos do Brasil. Trata-se
de uma mistura de fatos reais e ficção que, além de ensinar, diverte e permite
que a história se desenrole como "um romance de aventuras que se passa na
Terra e tem como personagem principal a Humanidade".
Mas,
como esse índio brasileiro é representado nessas histórias? A representação
quase sempre é a do índio como bom selvagem, conforme nos aponta Bonin e Kirchof:
“ (...) a
representação do índio como bom selvagem,
tanto na visão hegemônica de sujeito dócil quanto na visão romântica de personagem
idealizado. Geralmente ele (índio),incorpora essas identidades quando é cristianizado ou submetido a um projeto de
civilização, e assim, numa perspectiva utilitária, passa, de alguma forma, a
servir ao colonizador .”
Tanto em “As
aventuras de Tibicuera” como em “Expedição aos martírios” e “Volta à serra misteriosa” de Francisco
Marins, essa representação se repete e deixa evidente o intuito de caracterizar
esse herói romântico: índio cristianizado, dedicado totalmente ao branco, cheio
de bravura e coragem.
VERÍSSIMO, E. As aventuras de
Tibicuera. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
BONIN, I.T., KIRCHOF, E.R. Entre o bom selvagem e o canibal:
representações de índio na literatura infantil brasileira em meados do século
XX. Disponível em: www.revistas2.uepg.br Capa › Vol. 7 (2012)
MARINS, F., Volta à Serra Misteriosa. Coleção
A Aventura de ler – São Paulo: Editora Melhoramentos. 1977.
MARINS, F., Expedição aos martírios. Coleção A Aventura de ler – São Paulo: Editora Melhoramentos. 2005.
|
GT 3
Nenhum comentário:
Postar um comentário