A peça intitulada Pluft, o Fantasminha, faz parte do
cabedal de obras e montagens da autora Maria Clara Machado, grande nome da literatura
e dramaturgia infantojuvenil. Escrita e encenada pela primeira vez no ano de
1955 pelo grupo de teatro Tablado - grupo fundado pela própria autora no ano
de 1951, no Rio de Janeiro -, o qual tinha por objetivos a formação e a produção de
espetáculos por parte de seus membros.
Devido ao sucesso da peça,
tanto no âmbito do público quanto por parte da crítica, a peça ganhou uma
versão cinematográfica no ano de 1961, com o cineasta franco-brasileiro Romain
Lesage, e uma versão em forma de minissérie, estralada na Rede Globo de
Televisão, no ano de 1975, em uma aliança estabelecida com a TV Educativa.
O próprio título da obra
já aponta para dois aspectos peculiares à literatura
infantojuvenil. O primeiro é a presença do fantástico/maravilhoso,
“categoria” literária que encontra segura definição, conceituação e explicação
nos traçados e linhas do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov, sobretudo
em seu livro Introdução à Literatura Fantástica, e que desde os tempos mais
ermos ocupa significante espaço em meio à curiosidade e ao imaginário humano, materializada
na peça pela presença dos fantasmas. O segundo é a marca do diminutivo como
representação de afetividade, aliando-se ao longo do texto com uma linguagem
simples, elaborada para atender ao público infantojuvenil, fato que se
apresenta como tentativa de minimizar a assimetria inerente às produções do gênero
(na grande maioria escritas por adultos para crianças).
A peça retrata a
existência, em um sótão de uma antiga casa, de uma família de fantasmas muito
simpática, composta por Pluft, sua mãe e o Tio Gerúndio. Pluft, personagem protagonista, é caracterizado como alguém que
possui um medo imenso de pessoas (percebam ao mesmo tempo uma inversão de uma
estrutura tradicional, visto que o que se tem por convencional é o medo que as pessoas possuem dos fantasmas e a exploração do conceito de que
tememos aquilo que não conhecemos). Sua mãe, que não é singularizada por um nome próprio, é exímia cozinheira de pasteis de vento. Tio Gerúndio, por sua vez, é caracterizado a partir do seu nome próprio, que se apresenta relacionado com a manutenção de seu hábito primordial de manter-se
dormindo dentro de um enorme baú (sabemos que o gerúndio, marcado morfologicamente pelo acréscimo da terminação "ndo", é uma marcação de
forma nominal dos verbos que atribui um efeito de continuidade às ações
representadas ).
A
aparente tranquilidade em que vivia a família fantasmagórica é quebrada quando
o Capitão Perna de Pau, desejoso por encontrar o antigo tesouro do Capitão
Bonança (nome intimamente ligado à sua condição moral como nobre Capitão) e
acreditando que ele estja localizado no sótão em que moravam os fantasmas, rapta a neta
do antigo capitão, a muito simpática e bondosa Maribel, a qual maném uma relação de amizade com Pluft (ponto em que se
pode ver uma “indicação moral” em relação ao respeito às diferenças e ao valor
da amizade). Sua amizade com Pluft é importante pois faz com que ele passe a confiar nas pessoas, crie coragem e
se mostre engajado no resgate da moça juntamente com João, Julião e
Sebastião, todos nomes com aumentativo, o que causa uma expectativa de
seriedade com respeito à trama e aos próprios personagens. Entretanto, os amigos marinheiros da moça, sempre muito
atrapalhados, conferem bons momentos de
comicidade, proporcionando uma ruptura com a expectativa apontada.
GT 04 : Teatro e música infanto-juvenis
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