quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pluft, o fantasminha legal de Maria Clara Machado




A peça intitulada Pluft, o Fantasminha, faz parte do cabedal de obras e montagens da autora Maria Clara Machado, grande nome da literatura e dramaturgia infantojuvenil. Escrita e encenada  pela primeira vez no ano de 1955 pelo grupo de teatro Tablado - grupo fundado pela própria autora no ano de 1951, no Rio de Janeiro -, o qual tinha por objetivos a formação e a produção de espetáculos por parte de seus membros.

 
Devido ao sucesso da peça, tanto no âmbito do público quanto por parte da crítica, a peça ganhou uma versão cinematográfica no ano de 1961, com o cineasta franco-brasileiro Romain Lesage, e uma versão em forma de minissérie, estralada na Rede Globo de Televisão, no ano de 1975, em uma aliança estabelecida com a TV Educativa.

O próprio título da obra já aponta para dois aspectos peculiares à literatura infantojuvenil. O primeiro  é a presença do fantástico/maravilhoso, “categoria” literária que encontra segura definição, conceituação e explicação nos traçados e linhas do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov, sobretudo em seu livro Introdução à Literatura Fantástica, e que desde os tempos mais ermos ocupa significante espaço em meio à curiosidade e ao imaginário humano, materializada na peça pela presença dos fantasmas. O segundo é a marca do diminutivo como representação de afetividade, aliando-se ao longo do texto com uma linguagem simples, elaborada para atender ao público infantojuvenil, fato que se apresenta como tentativa de minimizar a assimetria inerente às produções do gênero (na grande maioria escritas por adultos para crianças).
 
A peça retrata a existência, em um sótão de uma antiga casa, de uma família de fantasmas muito simpática, composta por Pluft, sua mãe e o Tio Gerúndio. Pluft, personagem protagonista, é caracterizado como alguém que possui um medo imenso de pessoas (percebam ao mesmo tempo uma inversão de uma estrutura tradicional, visto que o que se tem por convencional é o medo que as pessoas possuem dos fantasmas e a exploração do conceito de que tememos aquilo que não conhecemos). Sua mãe, que não é singularizada por um nome próprio, é exímia cozinheira de pasteis de vento. Tio Gerúndio,  por sua vez, é caracterizado a partir do seu nome próprio, que se apresenta relacionado com a manutenção de seu hábito primordial de manter-se dormindo dentro de um enorme baú (sabemos que o gerúndio, marcado morfologicamente pelo acréscimo da terminação "ndo", é uma marcação de forma nominal dos verbos que atribui um efeito de continuidade às ações representadas ).
A aparente tranquilidade em que vivia a família fantasmagórica é quebrada quando o Capitão Perna de Pau, desejoso por encontrar o antigo tesouro do Capitão Bonança (nome intimamente ligado à sua condição moral como nobre Capitão) e acreditando que ele estja localizado no sótão em que moravam os fantasmas, rapta a neta do antigo capitão, a muito simpática e bondosa Maribel, a qual maném uma relação de amizade com Pluft (ponto em que se pode ver uma “indicação moral” em relação ao respeito às diferenças e ao valor da amizade). Sua amizade com Pluft é importante pois  faz com que ele passe a confiar nas pessoas, crie coragem e se mostre engajado no resgate da moça juntamente com João, Julião e Sebastião, todos nomes com aumentativo, o que causa uma expectativa de seriedade com respeito à trama e aos próprios personagens. Entretanto, os  amigos marinheiros da moça, sempre muito atrapalhados, conferem  bons momentos de comicidade, proporcionando uma ruptura com a expectativa apontada.

GT 04 : Teatro e música infanto-juvenis

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