Olá
leitores, depois de uma aula de Literatura Infanto-juvenil com nosso professor
da graduação (criador do blog), em que foi discutida a obra de Monteiro Lobato, resolvemos trazer à tona
esse maravilhoso escritor que com sua obra foi o marco inicial da literatura
infantil no Brasil.
Percebemos que não há na obra de Lobato uma leitura simplista e maniqueísta do mundo, pois a literatura do autor tem o viés de desenvolver o senso crítico no espirito da criança e, para tanto, não a trata como incapaz de desenvolver um olhar crítico sobre a literatura e a sociedade. No livro Caçadas de Pedrinho, por exemplo, quando os animais apavorados pela morte da companheira onça, fazem uma assembleia e traçam um plano de ação para resolverem a situação. Assim, o autor humaniza os animais, pois eles falam, incentivando/ensinando a criança que a organização faz parte da sociedade, e que devemos nos organizar para resolvermos assuntos que dizem respeitos a determinado grupo. Os animais não vencem, mas dão o maior susto nos moradores do sítio.
Na
obra não paradidática do autor não há construção de narrativas voltadas predominantemente para a dimensão educativa,
pois se há elementos que expressam preocupações didáticas, eles não convergem para o final. Há uma preocupação com o ensinar, mas isso não se sobrepõe ao
fantástico, ao lúdico e ao maravilhoso. Não há amarração do discurso pedagógico voltado para
o final feliz. Por exemplo, no fim da história de O saci, a personagem Narizinho é pega pela vilã Cuca e transformada
em pedra e a luta então dos personagens Pedrinho e Saci por reverter a
mágica é o foco da narrativa, sobrepondo-se ao discurso escolar presente nas falas do personagem Saci, que ensina a Pedrinho os segredos da floresta e seus habitantes, sejam vegetais ou animais. E mesmo apresentando uma dimensão educativa, propícia para ser explorada nas auas de biologia ou ciências, seu discurso não parece um corpo estranho à ação narrativa pois se insere perfeitamente na trama, apresentando-se natural à situação vividas pelos protagonistas, Pedrinho e Saci. Como o primeiro desconhece a floresta e seus habitantes por ser criado no meio urbano e tenha curiosidade sobre esse mundo que lhe é desconhecido, as explicações do Saci são justificadas por uma necessidade da ação narrativa. Como se pode ver, a obra pode ser explorada na sua dimensão mágica, pois a narrativa se apresenta como gênero de aventuras, juntamente com a sua dimensão pedagógica, pois apresenta um olhar cientifico sobre a natureza, chegando mesmo a discutir de maneira muito crítica a relação homem x natureza através dos diálogos entre o Saci e Pedrinho.
Assim como argumentamos com respeito à obra O Saci, o discurso pedagógico também está em segundo plano, pois ocorre “perfeitamente”
entrelaçado ao literário, de modo que, segundo Perrotti (1986), podemos considerar esse tipo de discurso como estético e, por consequência, o texto como sedutor.
Outro aspecto positivo de O Saci é que a obra depõe contra a ideia de que Lobato é racista, pois o Saci é o herói da história e é dez vezes mais inteligente que Pedrinho. Essa questão do racismo em obras do autor já foi discutida aqui no blog, e pode ser vista por meio dos seguintes links: http://migre.me/caAR0; http://migre.me/caAS7; http://migre.me/caAU4.
Outro aspecto positivo de O Saci é que a obra depõe contra a ideia de que Lobato é racista, pois o Saci é o herói da história e é dez vezes mais inteligente que Pedrinho. Essa questão do racismo em obras do autor já foi discutida aqui no blog, e pode ser vista por meio dos seguintes links: http://migre.me/caAR0; http://migre.me/caAS7; http://migre.me/caAU4.
Para
finalizar, sem duvidas um dos grandes achados de Lobato foi conseguir mostrar o
“maravilhoso” como possível de ser vivido por qualquer um. Com a mistura do
imaginário com a realidade concreta ele mostra no mundo prosaico do cotidiano a
possibilidade de ali acontecerem aventuras maravilhosas que, em geral, só eram possíveis
nos contos de fadas ou no mundo das fábulas, e mesmo assim só vividas por seres
extraordinários.
Por fim, uma
observação a ser feita: essa postagem foi elaborada com base nas aulas da
disciplina de Literatura infantojuvenil ministrada pelo Professor Doutor Marciano
Lopes e Silva sobre Monteiro Lobato e as obras em questão.
Dicas:
Para quem quiser ler a obra Caçadas de Pedrinho completa: http://migre.me/cawK2
Para conhecer a vida e obra de Monteiro Lobato: http://migre.me/c5t21
Para quem não conhece a história do inicio da literatura infanto-juvenil em nosso país, no link http://migre.me/c5tlJ encontramos um pouco sobre marco inicial dessa literatura, um pouco sobre as contribuições e importância das obras “lobatianas” para o público infantil e também a ligação de seus personagens com o folclore, cuja presença na obra tinha como objetivo valorizar a cultura popular brasileira.
Referências
PERROTTI, Edmir. O texto sedutor na
literatura infantil. São Paulo: Ícone, 1986
GT 2: Autores Consagrados
Excelente artigo. Parabéns.
ResponderExcluirSe quiser, e puder, peço que leia o meu: http://spartacusemproldaliberdade.blogspot.com.br/2013/01/saci-perere-um-mito-racista.html
Abs,
Carlos Carvalho Cavalheiro