No Brasil, desde 1975, a fundação responsável por premiar anualmente os melhores livros infatis e juvenis é a FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). Os prêmios são distribuídos em 18 categorias e são muito importantes para os escritores e editoras.
Um dos livros prêmiados em 2010 foi o clássico de 1865 "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Carroll. O livro conta a história de uma menina chamada Alice que após cair numa toca de coelho é transportada para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurdo que se confunde com sonhos. A obra está repleta de alusões satíricas de paródias de poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX. Possui também referências linguísticas e matemáticas através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. É um livro encantador e mágico e sua leitura permite que se visualize a construção do mundo adulto através do olhar ingênuo e sonhador dessa criativa menininha.
O que levou uma obra de 1865 receber o prêmio no ano de 2010?
Em 2010 o diretor Tim Burton resolveu recuperar o livro de Lewis Carroll e produzir o filme "Alice". Através do sucesso dessa superprodução o livro voltou a ser comentado e aqueles que até então o desconheciam ficaram curiosos em lê-lo. A obra cânonica voltou a ser um sucesso e se manteve durante semanas entre os livros mais vendidos no país.
Assista ao trailer do filme de Tim Burton e nos conte se através dele se você sente curiosidade em também ler o livro!
Grupo 5: Obras Premiadas
Para a realização do filme, Tim Burton dialoga também com "Alice através do espelho". Aliás, algumas postagens discutindo a apropriação desta obra e de "Alice no país das maravilhas" pelo diretor no filme em questão seriam bem proveitosas. Uma questão bastante interessante é a construção da personagem de Alice no filme, bastante afinada com os herois das crianças de hoje, tais como Ben 10 e outros... Apesar deste lado massificador, o filme mostra a personagem atingindo a maturidade (o que também parece estar no livro de "Alice através do espelho"), o que implica em questionar a ingenuidade da literatura infantil canônica, em especial do mundo fantástico que Alice traz em sua memória sobre a primeira viagem ao país das maravilhas. O que havia de violento neste mundo, mas não é explorado na primeira história, vem à tona na segunda, especialmente no filme. Parece-me um bom caminho para reflexão trans-histórica das obras de Carrol, pensando em sua leitura hoje. Abraços.
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